A popularização da boneca Labubu, criada originalmente pelo ilustrador de Hong Kong Kasing Lung, provocou reações que vão além do mercado de brinquedos. Lançada inicialmente como uma peça de coleção em miniatura, a figura com características marcantes — como dentes afiados e orelhas de coelho — ganhou notoriedade ao ser adotada por celebridades e, posteriormente, impulsionada pelas redes sociais, principalmente no TikTok.
Pontos Principais:
- Labubu é vendida em caixas-surpresa e não revela o modelo até a abertura.
- Popularidade explodiu com ajuda de celebridades e redes sociais.
- Vendas presenciais suspensas no Reino Unido após aglomerações.
- Blind box é questionada por simular lógica de jogos de azar.
- Escolas na Indonésia proibiram a entrada da boneca por exclusão social.
- Versões raras da boneca são revendidas por até R$ 1.700 no exterior.
- Lucro da Pop Mart cresceu 204% em 2024 por causa da Labubu.
Desde que a cantora Lisa, integrante do grupo de k-pop BLACKPINK, foi vista com o brinquedo, a Labubu se tornou um objeto de desejo em vários países. A estratégia de venda da Pop Mart, empresa responsável pela distribuição da boneca, baseia-se no modelo de “blind box”, em que o comprador só descobre qual versão adquiriu após abrir a embalagem. Esse sistema gerou alta demanda e estabeleceu a Labubu como um item disputado entre colecionadores.

A comercialização da Labubu chegou ao Brasil apenas em 2024, inicialmente de forma informal por meio de marketplaces, como Mercado Livre e Shopee. Em seguida, a loja The Blind Box passou a vender oficialmente a coleção The Monster Space Adventure Series por R$ 149,00 a unidade. Os modelos são entregues de forma aleatória, sem indicação do que há na embalagem, reforçando o aspecto de surpresa característico da blind box.
Expansão internacional e consequências comerciais
A repercussão da Labubu nos mercados asiáticos rapidamente alcançou o Ocidente. No Reino Unido, a procura pela boneca gerou filas extensas e aglomerações em lojas físicas e máquinas automáticas da Pop Mart, conhecidas como Roboshops. A situação levou a empresa a suspender temporariamente as vendas presenciais no país, mantendo apenas as operações online.
Em Singapura, relatos indicam que os estoques são reabastecidos duas vezes por semana, mas os produtos se esgotam em poucos minutos. Nos Estados Unidos, edições limitadas chegam a custar até US$ 300, e a maior parte do estoque está esgotada. Em 2024, o lucro da Pop Mart cresceu 204% em relação a 2023, enquanto as vendas aumentaram 107%. Apenas a linha Labubu gerou receita de RMB 3,04 bilhões, representando 23% do faturamento total da empresa.
As edições especiais, como as coleções Have a Seat e Tasty Macarons, utilizam materiais diferenciados e apresentam variantes com expressões distintas. Esses modelos têm tiragens limitadas e, após esgotarem, são revendidos por valores superiores em plataformas alternativas, sem garantia de originalidade.
Impacto social e proibições em instituições
A disseminação da Labubu entre jovens também trouxe desdobramentos sociais. Na Indonésia, algumas escolas proibiram o ingresso de estudantes com a boneca. O motivo foi o surgimento de grupos exclusivos de alunos que possuíam o item, gerando episódios de exclusão e bullying entre crianças e adolescentes.
A repercussão do brinquedo nas instituições de ensino acendeu um alerta sobre os efeitos da viralização de determinados produtos. Em certos casos, o acesso restrito ao item tem criado uma dinâmica social hierarquizada baseada na posse de um objeto popular.
Além disso, vídeos na internet exibem crianças e adolescentes trocando ou sorteando caixas em transmissões ao vivo. A prática, que se assemelha a dinâmicas de jogos, tem levantado questionamentos quanto ao estímulo a comportamentos compulsivos.
Críticas ao modelo de vendas e regulamentações em discussão
O funcionamento do sistema de blind box tem sido comparado a mecanismos de jogos de azar. A imprevisibilidade do conteúdo das embalagens e o valor atribuído às versões raras fazem com que consumidores adquiram várias unidades na tentativa de completar suas coleções. Especialistas apontam que esse modelo se assemelha ao princípio de recompensa intermitente, usado em cassinos.
Em países como Singapura e Malásia, autoridades iniciaram debates sobre a legalidade da prática, avaliando se o sistema se enquadra como jogo de azar. A crítica central está na indução ao consumo repetitivo sem garantia de retorno equivalente.
Na China, relatos dão conta de consumidores que gastam grandes quantias para obter versões específicas. O fenômeno criou um mercado secundário ativo, com preços variando conforme a raridade e o estado de conservação das unidades revendidas.
Marketing e comportamento de consumo
O caso da Labubu revela uma combinação de marketing direcionado, cultura de escassez e influência digital. O uso de celebridades como forma de legitimar e expandir o alcance da marca é uma estratégia que reforça a atratividade do produto. As redes sociais ampliam esse efeito, criando comunidades em torno de unboxings, comparações e expectativas.
Essa fórmula se mostrou eficaz não apenas para a Pop Mart, mas também como reflexo do comportamento de consumo de determinadas faixas etárias, que buscam exclusividade, pertencimento e validação por meio de itens colecionáveis.
Enquanto o produto mantém alta procura, os debates sobre suas implicações seguem em expansão. Autoridades, educadores e famílias passam a considerar os efeitos mais amplos de tendências de consumo que envolvem elementos de sorte e competição emocional.
Fonte: Exame e Canaltech.
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