Série IHGT Presente: Geraldo Silva Filho e o olhar para o Tocantins enquanto Norte Goiano e suas relações étnico-raciais

Geraldo Silva Filho

Cadeira N° 4

Patrono: Geraldo Silva Filho

Titular: Rogério Castro Ferreira

Patrono da Cadeira n° 4

GERALDO SILVA FILHO

(Natural de Belo Horizonte -MG, n. 15/03/1962  – f. 28/11/2015)

Historiador, Mestre e Doutor em História Social

Nascido sob o céu de Belo Horizonte em 15 de março de 1962, o Professor Dr. Geraldo da Silva encarna em sua essência a alma das montanhas mineiras – terra que guarda tradições seculares e riquezas históricas fundamentais para a compreensão do Brasil Colonial. Distinto historiador brasileiro, ocupou com mérito o cargo de professor adjunto na Universidade Federal do Tocantins (UFT), na cidade de Porto Nacional (TO), onde deixou um legado acadêmico efetivo. Pesquisador dedicado aos estudos sobre o período colonial, escravidão e relações étnico-raciais, contista e poeta. Graduado em História pela UFMG, mestre e doutor em História Social pela USP, sua trajetória acadêmica é marcada por uma profunda investigação sobre as estruturas de poder, a escravidão urbana e as dinâmicas sociais no Brasil-Colônia. Suas pesquisas, orientadas pela Professora Dra. Laima Mesgravis, destacam-se pela análise das câmaras municipais, das elites locais e do cotidiano dos escravos em regiões como Minas Gerais e o antigo Norte Goiano.

Sua liderança acadêmica também se reflete na organização de projetos pedagógicos e na participação em conselhos universitários, contribuindo para o fortalecimento da pesquisa histórica e da educação superior no Tocantins. Sua experiência anterior na Universidade do Tocantins (UNITINS), onde atuou como diretor e coordenador de cursos, demonstra seu compromisso com a formação de novos historiadores e a divulgação do conhecimento histórico.

Geraldo Silva Filho foi um dos pioneiros no corpo docente da Universidade Federal do Tocantins (UFT), integrando o grupo de primeiros professores concursados da instituição. Sua trajetória acadêmica esteve profundamente ligada ao processo de consolidação da UFT, contribuindo ativamente para sua estruturação e desenvolvimento institucional. Nesse contexto, exerceu também o cargo de diretor do Câmpus de Porto Nacional, onde desempenhou um papel fundamental na organização acadêmica e administrativa da unidade.

Além de sua destacada atuação como professor na UFT, o Professor Geraldo assumiu funções estratégicas que reforçaram sua liderança no âmbito universitário. Foi coordenador do Programa Nacional de Formação de Docentes da Educação Básica (PARFOR/UFT), iniciativa crucial para a qualificação de professores da rede pública, e do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/TO), espaço dedicado à pesquisa e promoção da cultura afro-brasileira no estado.

“O professor Geraldo, ele foi fundamental para o debate da causa do negro em Porto Nacional e no Tocantins. Porque quando ele chega para dar aula na UNITINS, ele já vem assumindo esse papel da negritude, já vem com essa ideia de abrir a temática, da questão do negro na de universidade […] Junto com o professor Liberaque, fundam o NEAB na UFT, e esse grupo é importante, pois vai canalizar as primeiras pesquisas sistematizadas sobre a questão do negro no Tocantins e em Porto Nacional e começa as primeiras excursões aos quilombos […] O NEAB é fundamental para isso. Para canalizar as pesquisas científicas sobre a questão do negro no Tocantins.” (Palavras do Prof. Dr. Elizeu Lira, amigo próximo)

Como pesquisador, Professor Geraldo desenvolveu projetos inovadores, como o estudo sobre o cotidiano e as estratégias de resistência dos escravos no antigo Norte Goiano, buscando resgatar suas histórias por meio de fontes documentais eclesiásticas e notariais. Sua tese de doutorado, que analisou os poderes locais na comarca de Vila Rica no século XVIII, revela sua habilidade em conectar aspectos políticos, econômicos e sociais do período colonial. Esses trabalhos não apenas enriquecem a historiografia brasileira, mas também destacam a importância de regiões menos estudadas, como o Tocantins, no contexto nacional.

Sua produção bibliográfica é vasta e diversificada, incluindo livros, artigos científicos e capítulos que abordam temas como escravidão urbana, ofícios mecânicos e identidades afro-brasileiras. Entre suas obras, destacam-se Oficialato Mecânico e Escravidão Urbana em Minas Gerais no século XVIII (2008) e Fragmentos de Diásporas Africanas no Brasil (2011), esta última em coorganização. Além disso, Geraldo publicou textos em jornais e revistas, discutindo temas como abolição, igualdade racial e história regional, demonstrando seu engajamento na disseminação do conhecimento para além da academia.

Reconhecido por suas contribuições, Geraldo recebeu honrarias como a Comenda de Honra ao Mérito Dr. Francisco Aires da Silva (2013) e um certificado por suas ações em prol da Consciência Negra (2011). Sua atuação como membro de corpos editoriais de revistas acadêmicas, como Mnemosine Revista, reforça seu papel na promoção da pesquisa histórica. Paralelamente à carreira acadêmica, Geraldo é poeta e contista, participando de antologias como Palavras Desavisadas de Tudo (2013), mostrando assim sua versatilidade intelectual e sensibilidade artística.

Com uma trajetória marcada pelo rigor acadêmico e pelo compromisso social, Geraldo Silva Filho consolida-se como um importante historiador da escravidão e do período colonial no Brasil. Sua dedicação ao ensino, à pesquisa e à cultura no município de Porto Nacional faz dele não apenas um intelectual respeitado, mas também um agente transformador na preservação da memória e na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Toda a literatura que eu conheço de Geraldo é voltada para essa questão do negro […] Ele organizou um livro que é sobre a questão do negro no Tocantins chamada “Ensaios de Geografia e História do Tocantins.” (Palavras do Prof. Dr. Elizeu Lira, amigo próximo).

Seus trabalhos continuam a inspirar novos pesquisadores e a ampliar o entendimento sobre as complexidades da formação histórica brasileira.

Sócio-fundador da Cadeira n° 4

ROGÉRIO CASTRO FERREIRA

(Natural de Porto Nacional, TO, n. 17/12/1986)

Geógrafo, mestre em Geografia. Secretário Executivo da Secretaria da Igualdade Racial e Servidor da Secretaria de Cidadania e Justiça do Tocantins

Rogério Castro Ferreira

Professor Mestre Rogério Castro Ferreira, filho dileto das terras tocantinenses e orgulhoso filho de Porto Nacional — berço cultural do estado e cidade que lhe moldou o caráter — veio ao mundo sob o céu dourado do Tocantins no dia 17 de dezembro de 1986. É Geógrafo, pesquisador e músico tocantinense com destacada atuação no campo do desenvolvimento e desigualdades regionais, análise socioeconômica e manifestações artísticas e culturais. Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), sua pesquisa acadêmica concentra-se na análise de dinâmicas socioespaciais, com ênfase em temas como desenvolvimento regional, cartografia da desigualdade e redes urbanas. Sua dissertação, intitulada Cartografia da Desigualdade Regional no Tocantins, investigou as disparidades socioeducacionais nas microrregiões do estado.

Além da formação acadêmica, Prof. Rogério possui ampla experiência profissional no setor público. Atualmente, ocupa o cargo de Secretário Executivo na Secretaria de Estado da Igualdade Racial do Tocantins (SEIR), onde trabalha na promoção de políticas de equidade. Anteriormente, atuou como Agente de Segurança Socieducativo na Secretaria de Cidadania e Justiça (SECIJU), contribuindo para programas de inclusão social. Sua trajetória também inclui a docência, com passagens como professor substituto na UFT e no Colégio Sagrado Coração de Jesus, onde lecionou disciplinas como Geografia da População e Geografia Regional e Arte.

Como pesquisador, Rogério participou de projetos relevantes, como o Mapa Epidemiológico do Tocantins, que analisou a distribuição de doenças no estado, e o Plano Diretor Participativo de João Lisboa – MA, focado no desenvolvimento territorial sustentável. Um de seus principais legados é o desenvolvimento do Índice de Desigualdade Socioeducacional (IDSED), ferramenta utilizada para medir disparidades no acesso à educação e seus reflexos no desenvolvimento regional. Esses trabalhos demonstram seu compromisso com a produção de conhecimento aplicado à solução de problemas sociais.

Sua produção acadêmica inclui artigos, capítulos de livros e participação em eventos científicos. Entre suas publicações, destacam-se estudos sobre fronteiras capitalistas, políticas de desenvolvimento regional e a relação entre urbanização e planejamento territorial. Prof. Rogério também colaborou em obras coletivas, como Gestão das Redes e Sistemas Educacionais, que discute desafios da educação durante a pandemia de COVID-19. Sua abordagem interdisciplinar conecta Geografia, Educação e Sociologia, reforçando a importância de análises integradas para entender complexidades regionais.

Além da atuação acadêmica e governamental, Rogério envolve-se em iniciativas culturais e de extensão. Foi responsável por projetos como a Mostra de Arte Popular Portuense, que promoveu a valorização da cultura local, e DespertArte, oficina que uniu arte e educação. É membro fundador do Grupo de Cultura Cabaça Cultural, ligado à Comunidade de Saúde, Desenvolvimento e Educação (COMSAÚDE). Há mais de quinze anos, soma sua musicalidade ao Grupo Tambores do Tocantins como músico colaborador, levando a riqueza sonora da cultura tocantinense a diversos palcos. Essa atuação artística complementa seu compromisso institucional como membro do Instituto de Atenção às Cidades (IAC), do Observatório de Políticas Territoriais e Educacionais (OPTE) e da Rede ColaborAção Tocantins (RCT), espaços onde conjuga saber técnico e sensibilidade cultural para construir memória e fomentar o desenvolvimento regional.

Com uma carreira marcada pela diversidade de experiências, Rogério Castro Ferreira consolida-se como um profissional comprometido com a transformação social. Seus trabalhos refletem não apenas rigor científico, mas também uma visão humanista, voltada para a redução de desigualdades e a promoção do desenvolvimento sustentável. Sua trajetória inspira novos pesquisadores e gestores públicos, mostrando como a Geografia pode ser uma ferramenta poderosa para entender e melhorar realidades regionais.

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