Quase metade das mulheres já foram assediadas dentro de ônibus; ES tem aumento nos casos de importunação


Estudo realizado pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva revelou que 71% das mulheres já sofreram violência ao se locomover pelas cidades brasileiras. 70% das mulheres já sofreram assédio dentro de ônibus; ES tem maior aumento de casos
“Como é ser mulher no transporte público? Difícil. Por quê? A gente passa muitas coisas, temos muitos riscos, não temos segurança. A gente corre risco de ser molestada, abusada… É muito arriscado”.
O relato da empregada doméstica Adriana Ferreira é parecido com o de muitas mulheres que, todos os dias, dependem do transporte coletivo para se locomover no Espírito Santo. O que deveria ser uma atividade comum se torna um desafio diante dos casos de assédio que têm se tornado cada vez mais mais comuns.
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No Espírito Santo, os casos de perturbação da tranquilidade saltaram de 124 em 2023 para 143 em 2024, segundo o Painel de Monitoramento da Violência Contra a Mulher, da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Em 2025, até maio, o estado já teve 39 registros de importunação.
Em um ônibus na Região Metropolitana de Vitória, Adriana contou que um caso a deixou com mais medo. “Eu estava em um ônibus quando entrou um homem que encostou as partes íntimas numa moça. O motorista fechou as portas e chamou a polícia. Eu tenho minhas filhas. Penso em mim e nelas também”, desabafou.
Mulheres sofrem com assédio ao se locomover no Espírito Santo
Reprodução / TV Gazeta
Uma pesquisa realizada pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva revelou que 71% das mulheres do país dizem já ter vivido alguma situação de violência ao se deslocar, seja em ônibus, trens, metrôs, táxis e carros por aplicativo.
Das entrevistadas, 45% disseram que sofreram violência durante deslocamentos especificamente em ônibus. “Eu pego quatro ônibus todos os dias. Na primeira vez que me aconteceu, eu fiquei quieta. Na segunda e na terceira vezes, eu comecei a gritar para que as pessoas me ajudassem”, contou a universitária Michele Lusquinho.
As mulheres que responderam à pesquisa contaram ter vivenciado olhares insistentes ou cantadas inconvenientes (44%); importunação sexual (17%); agressão física (6%); e estupro (3%).
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Medidas para segurança
Para tentar driblar os desafios, a estratégia é criar métodos para tentar se proteger. Prestar atenção, buscar lugares menos apertados e deixar a bolsa próxima ao corpo podem ajudar.
A babá Tatiana Sales defende que mais palestras precisam ser feitas para conscientizar e ajudar as mulheres. “Semanas atrás, uma moça perguntou se eu conhecia quem estava comigo, porque ele colocou a mão na minha perna. As pessoas estão ficando mais ligadas”, relatou.
A Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) afirmou que realiza campanhas de conscientização visando a estimular tanto vítimas quanto usuários do sistema Transcol a denunciarem casos de importunação sexual e violência contra a mulher dentro dos ônibus e terminais.
Disse também que os terminais e estações do aquaviário na Grande Vitória receberam totens com o tema da campanha “Todas as Mulheres. Todos os Direitos”, e que realiza campanhas de conscientização visando a estimular vítimas e usuários do sistema Transcol a denunciarem casos de importunação sexual.
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