
No primeiro trimestre de 2025, o Tocantins registrou um crescimento de 46,5% nas exportações, se comparado ao mesmo período do ano passado. Os dados são da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins (Fieto) e apontam que o estado obteve um lucro de US$ 560,2 milhões nesse período, aproximadamente R$ 3,1 bilhões. Segundo o balanço, a China é o principal parceiro comercial do Tocantins.
Os dados também mostram que o Tocantins é o terceiro estado da região norte que mais exportou produtos entre os meses de janeiro e março deste ano. No âmbito nacional, o estado fica em 15º posição entre os estados exportadores.
Principais produtos exportados pelo Tocantins
A soja é o produto mais exportado do estado e teve um crescimento de 33% em termos financeiros e 50% em volume no primeiro trimestre deste ano (veja ranking de exportações abaixo).
Segundo o governo, o Tocantins deve encerrar o ano de 2025 com um recorde de produção de grãos na safra 2024/2025. Sendo que um dos grãos mais cultivados é a soja, “que lidera o volume colhido no Tocantins, com 5,4 milhões de toneladas, representando um crescimento de 1,8% em relação ao ciclo anterior”.
Os dados são do 7º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Já a carne bovina fica em segundo lugar nas exportações, com aumento de 36% em volume de produção e 47% em termos financeiros. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o aumento da produção de gado no estado foi acompanhado das exportações.
Isso coloca o Tocantins na 9ª posição no ranking de maior produção de carne bovina do país, segundo o governo. Entre as cidades com maior quantidade de bovinos estão Araguaçu, Formoso do Araguaia, Araguaína, Pium e Peixe.
Ranking de produtos exportados do Tocantins
- Soja – alcançou US$ 288 milhões;
- Carne bovina – alcançou US$ 122 milhões;
- Tortas (bagaços) e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja – alcançou US$ 38 milhões;
- Ouro em formas brutas ou semimanufaturadas, ou em pó – alcançou US$ 36 milhões.

Para a técnica em pesquisa da Fieto, Gleicilene Bezerra, apesar do crescimento das exportações, o grande desafio no Tocantins é transformar os produtos in natura em industrializados.
“É o que a gente frisa bastante, né? Que a soja como um produto in Natura, nosso grande desafio é transformar esses produtos em produtos industrializados, para que a gente possa agregar mais valor à nossa pauta exportadora, gerando mais empregos e mais renda ao estado”, disse.
A tendência é que as exportações continuem crescendo, como nos trimestres anteriores.
“Esses dados a gente não identifica durante a balança comercial, mas pelo que a gente vê nos trimestres passados, a tendência é que fica esse saldo superavitário na nossa balança comercial. Que a gente fechou com o superávit de US$ 525 milhões, que representa um aumento de 51%. Então, a tendência é, de acordo com os levantamentos passados, que esse superávit ele persista aí durante o ano”.
Parceiros comerciais
No primeiro trimestre deste ano o Tocantins exportou para mais de 70 países e recebeu produtos de 28 países. Conforme os dados da Fieto, a China é disparado o principal parceiro econômico do Tocantins. Isso porque 55,07% do que o estado exporta vai para o país asiático. Entre os produtos enviados, 75% são soja e 24% carne bovina.
O Paquistão fica em segundo lugar com 5,95% das exportações tocantinenses, sendo que 90% do que o país recebe é soja e 7% algodão. Em seguida ficam Canadá, Turquia e Estados Unidos.
Além de enviar, o Tocantins também recebe produtos de outros país, as chamadas importações. A China tem uma participação de 43,70% nessa troca. Os principais produtos demandados são armações de óculos e artigos semelhantes, e aparelhos baseados no uso de raios X para usos médicos, cirúrgicos ou veterinários.
Já 9,76% das importações são da Indonésia. O país costuma enviar óleos de coco (óleo de copra), de palmiste ou de babaçu e respectivas fracções e óleo de palma e respectivas fracções. Outros países que também importam para o Tocantins são Estados Unidos (7,82%), Canadá (7,59%) e Suécia (6,99%).
Tarifaço entre EUA e China e impacto no Tocantins
Em abril deste ano, Estados Unidos e China iniciaram uma guerra tarifária. As medidas começaram após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar uma tabela de tarifas, de 10% a 50% para produtos inportados de 180 países, incluindo o Brasil, no dia 2 de abril.
A China, que foi um dos países citados na tabela, respondeu a medida de Trump ao impor tarifas extras de 34% sobre todas as importações americanas. No dia 10 de abril, as tarifas dos EUA contra a China aumentaram para 145%. No dia seguinte, o país asiático elevou a tarifa dos produtos americanos em 125%.
Na segunda-feira (12), os dois países entraram em um acordo para reduzir temporariamente as tarifas recíprocas durante 90 dias. Sendo assim, as tarifas dos EUA sobre as importações da China caem para 30% e as taxas da China sobre as importações americanas caem para 10%. As medidas passaram a valer na quarta-feira (14).
Mas o que isso afeta o Brasil e consequentemente o Tocantins? Durante esse tarifaço, a venda de carne boniva do Brasil para os Estados Unidos disparou 498% em abril. Outro produto que também apresentou um crescimento nas vendas foi a soja. Ambos exportados pelo Tocantins.
O economista Raimundo Casé explicou como essa ‘guerra’ impacta o estado e suas relações comerciais com outros países.
“No caso brasileiro, e por conseguinte no estado do Tocantins, a instabilidade global afeta-nos diretamente. Embora exista potencial de ganho, notadamente no agronegócio, principalmente da China e de outros países asiáticos ou ainda do acordo Mercosul/União Europeia onde a imposição de tarifas foi mais significativa em relação ao Brasil, essa possibilidade pode beneficiar pontualmente as exportações de produtos agrícolas”.
O economista ainda afirma que apesar do potencial de ganhos, as tarifas podem desencadear um processo inflacionário global e uma recessão econômica.
“O panorama atual é de acentuada incerteza global, com risco de recessão nas maiores economias e efeitos colaterais amargos para o restante do mundo. O Brasil e o estado do Tocantins podem até conquistar espaços nesse contexto, mas tal ganho poderá ser insuficiente para compensar os impactos negativos de choques adversos dessas proporções”, explicou.
Cidades exportadoras

Porto Nacional é a cidade com maior participação nas exportações feitas pelo Tocantins. Segundo a Fieto, o município teve um aumento de mais de 21% nas exportações do primeiro trimestre, se comparado ao ano passado. O principal produto comercializado é tortas (bagaços) e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja.
Conforme o balanço, a participação de Porto Nacional nas exportações rendeu mais de US$ 122 milhões no primeiro trimestre deste ano. Número bem maior ao que foi registrado em 2024, quando a cidade alcançou mais de US$ 100 milhões com produtos enviados.
A capital fica em segundo lugar no ranking das cidades tocantinenses que mais exportaram neste ano, segundo o balanço comercial. Os principais produtos vendidos por Palmas são a soja e o milho. Os mesmos de Santa Rosa do Tocantins, que fica na terceira posição. Já Paraíso do Tocantins se destaca pela comercialização de carne bovina.
Exportação nas cidades do Tocantins
Cidade | Valor exportado (US$) – 2025 | Participação nas expostações (%) – 2025 | Valor exportado (US$) – 2024 | Participação nas expostações (%) – 2024 |
Porto Nacional | 122.575.655 | 21,96% | 100.613.986 | 26,34% |
Palmas | 85.980.108 | 15,41% | 33.746.952 | 8,83% |
Santa Rosa do Tocantins | 48.102.412 | 8,62% | 8.311.164 | 2,18% |
Paraíso do Tocantins | 43.088.900 | 7,72% | 31.762.557 | 8,31% |
Araguaína | 41.898.016 | 7,51% | 33.912.598 | 8,88% |
Fonte: Fieto