Veleiro Katoosh: após 7 anos navegando pelo mundo, irmãos chegam ao Brasil no sábado (17)

Sete anos depois de zarparem de Ubatuba (SP), os irmãos Celso Pereira Neto (32) e Lucas Faraco Pereira (29) voltarão a atracar o — agora famoso — veleiro Katoosh em águas nacionais, neste sábado (17). Na bagagem, eles trazem o currículo de uma volta ao mundo e 52 países visitados. Em 2017, quando essa aventura ainda era apenas um plano, os irmãos foram entrevistados pela Revista Náutica para contar seus planos.

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A história de como esse sonho começou estampou a edição 349 da Revista Náutica impressa, onde a família abriu o baú de fotos para mostrar toda uma infância vivida a bordo. Continue a leitura para conhecer os detalhes dessa expedição e a inspiradora história dos irmãos.

Irmãos Katoosh a bordo do veleiro onde cresceram. Foto: Arquivo pessoal / Revista Náutica (publicada na edição 349 da revista impressa)

O esperado retorno de Neto e Lucas Katoosh ao Brasil, neste sábado, será no Saco da Ribeira — o mesmo ponto de onde zarparam, em março de 2018.

 

O momento será acompanhado presencialmente por fãs de diversas partes do país, segundo os comentários dos seguidores do Katoosh, e até mesmo uma flotilha já se programou para acompanhar as milhas finais desta aventura dos velejadores.

Foto: Irmãos Katoosh / @veleiro.katoosh / Reprodução

Neto e Lucas embarcaram nessa aventura com recursos para apenas os primeiros três meses. Para ajudar com os custos, começaram a compartilhar a jornada nas redes sociais — e a ideia deu certo. Hoje, os Irmãos Katoosh acumulam mais de 1 milhão de seguidores.

Se engana quem pensa que essa jornada teve apenas imagens inspiradoras e paisagens paradisíacas. Nestes sete anos, os irmãos enfrentaram desafios extremos e momentos críticos, como a colisão com uma baleia, a pandemia e o contato com ilhas extremamente isoladas.

Irmãos completaram volta ao mundo após 7 anos a bordo do veleiro Katoosh. Foto: Irmãos Katoosh / @veleiro.katoosh / Reprodução

Volta ao mundo no veleiro Katoosh: um sonho herdado

A bordo do veleiro Katoosh, família posa para foto. Foto: Arquivo pessoal / Revista Náutica (publicada na edição 349 da revista impressa)

Neto e Lucas são filhos de Claudia Faraco e Celso Pereira Júnior. Os filhos contam que herdaram dos pais o sonho de explorar o mundo pelo mar. O casal decidiu trocar a casa onde morava em Ribeirão Preto, no interior paulista, por um barco-moradia. Para juntar fundos, eles venderam uma empresa familiar — uma fábrica de blocos — e iniciaram a construção do veleiro, cujo projeto foi desenvolvido pelo holandês Leonard Joseph Savelkoul, pensado para viagens de longa duração.

 

O objetivo do casal era aprender a velejar, para viajar pelos portos brasileiros e, por fim, partir para uma viagem ao redor do globo. O veleiro — batizado de Katoosh como uma homenagem à Katusha, poodle de estimação do casal — foi lançado ao mar em 1990 e ficou atracado inicialmente em Paraty, no Rio de Janeiro.

Os irmãos Katoosh antes de zarparem para a aventura de volta ao mundo. Foto: Arquivo pessoal / Revista Náutica (publicada na edição 349 da revista impressa)

Pouco depois, em 1992 e 1995, nasceram os filhos do casal. Ambos foram criados a bordo, já que a família abriu mão de um lar em terra firme. Depois de crescerem navegando, os irmãos se afastaram as água para iniciarem o ensino superior na Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. No entanto, a saudade bateu e os dois trancaram os cursos para voltarem a viver e trabalhar no mar.

Neto e Lucas com o pai a bordo do veleiro Katoosh. Foto: acervo pessoal Irmãos Katoosh / Imagem publicada na edição 349 da revista impressa Náutica

Os irmãos alugavam o Katoosh para charter náutico — eles contaram que, nesse período, chegaram a trabalhar 20 horas por dia. O plano deles, até então, era aumentar o pé-de-meia para se lançarem pelos sete mares em 2018, quando enfim realizariam o sonho dos pais — que agora também era o deles.

Desafios da volta ao mundo em veleiro

A colisão com uma baleia foi, certamente, um dos maiores desafios da jornada com o Katoosh, de acordo com Neto e Lucas. O incidente quebrou o leme do veleiro e deixou a dupla à deriva por três dias na Polinésia Francesa.

Tivemos que nos virar até alcançar uma ilha e conseguir fazer os reparos– relembra Lucas

A bordo do veleiro Katoosh, irmãos ficaram isolados por três anos. Foto: Irmãos Katoosh / @veleiro.katoosh / Reprodução

A pandemia obviamente impactou os planos dos irmãos, que pretendiam completar a volta ao globo em cerca de três anos. O cronograma mudou drasticamente quando eles precisaram se isolar por outros três anos — ainda na Polinésia Francesa.

Sem turistas e sem contato externo, navegamos por todas as ilhas nesse período. Não foi o plano, mas foi uma experiência única– afirma Neto

Foto: Irmãos Katoosh / @veleiro.katoosh / Reprodução

A dupla movimentou águas de diferentes mares e oceanos, passando por 52 países. O percurso incluiu desde destinos turísticos tradicionais até comunidades extremamente remotas — como uma ilha em Papua-Nova Guiné onde, segundo eles, a população não tinha contato com outras pessoas há anos.

Itinerário

Após o veleiro ser tirado da água para um check-up geral antes da grande aventura, em 2017, os irmãos traçaram a rota da volta ao mundo. Ela era dividida em duas grandes etapas.

Foto: acervo pessoal Irmãos Katoosh / Imagem publicada na edição 349 da revista impressa Náutica

A primeira consistia em navegar até a Europa e voltar. O plano, então, era navegar a costa brasileira rumando ao Norte até o Mar do Caribe. Lá, eles terminariam de equipar o barco e despontariam para os Estados Unidos para o chamado Circuito Atlântico, que consiste em navegar até a Europa, com escalas em Bermudas e Açores, explorar o Velho Mundo e retornar ao Caribe.

Foto: Irmãos Katoosh / @veleiro.katoosh / Reprodução

De volta às Américas, eles passariam por Cabo Verde e cruzariam o Canal do Panamá para enfim iniciarem a segunda etapa da viagem, com a volta ao mundo propriamente dita.

 

Apesar dos imprevistos, a rota da volta ao mundo foi seguida, mas com uma duração mais extensa do que o planejado. “A pandemia não mudou os nossos planos, mas definitivamente os atrasou, sem reclamações”, conta Neto.

Família no barco Katoosh antes da aventura pelos sete mares. Foto: Arquivo pessoal / Revista Náutica (publicada na edição 349 da revista impressa)

Embora a volta ao mundo tenha sido a dois, os irmãos prepararam rotas para que os pais pudessem acompanhá-los em alguns momentos já que não poderiam realizar o mesmo sonho por terem assumido a administração de uma pousada na Praia da Enseada, em Ubatuba. Mas conseguiram encontrar com os filhos em alguns pontos do itinerário.

 

 

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Uma publicação compartilhada por Irmãos Katoosh (@veleiro.katoosh)

 

Volta ao mundo concluída e compartilhada na internet

Foto: Irmãos Katoosh / @veleiro.katoosh / Reprodução

Apesar das economias, os irmãos zarparam de Ubatuba com recursos suficientes apenas para os primeiros três meses de aventura. A virada de chave veio com a produção de conteúdo digital.

 

 

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As redes sociais se transformaram em uma grande comunidade e rede de apoio, essencial para a viagem. Foi por meio delas que os irmãos conseguiram fundos para arcar com os custos da volta ao mundo, compartilhando cada etapa com o público, além de curiosidades dos internautas.

Foto: Irmãos Katoosh / @veleiro.katoosh / Reprodução

O retorno ao Brasil acontece neste sábado (17), em Ubatuba, e já conta com três eventos marcados: a chegada oficial no Saco da Ribeira, uma festa no Café de La Musique ainda na noite de sábado e, no domingo (18), um encontro exclusivo com apoiadores, na Praia Vermelha do Norte.

Com essa conquista, a primeira volta ao mundo dos irmãos Katoosh, como ficaram conhecidos, chega ao fim — mas o desejo por aventura, não. Eles revelaram que novos projetos estão por vir, embora ainda não tenham divulgado detalhes. A única certeza é que continuarão a bordo do Katoosh, agora mais que nunca eternizado em suas trajetórias.

A gente aprendeu que liberdade exige responsabilidade e que o mar, mesmo com todos os desafios, continua sendo o nosso lugar– finaliza Neto

 

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