Costureira muda de profissão e começa curso de terapia ocupacional para ajudar filho autista: ‘Ser uma pessoa melhor’


Apesar de todas as adversidades, a moradora de Sorocaba (SP) contou ao g1 que tem muito o que comemorar no Dia das Mães. Curso conta com várias participantes que vivem a mesma situação. Cassia de Oliveira Zeri, de Sorocaba (SP), trocou de profissão para cuidar do filho, o pequeno Levi
Arquivo Pessoal
Cassia de Oliveira Zeri, de 43 anos, é costureira desde 2015, mas teve uma guinada na vida em 2020, quando descobriu uma gravidez.
A moradora de Sorocaba (SP) mudou completamente a rotina e hoje cursa terapia ocupacional – tudo para cuidar melhor do filho autista e com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH). Apesar de todas as adversidades, a mãe contou ao g1 que tem muito o que comemorar no Dias das Mães.
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O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, comportamento e relações sociais.
Na vida de Cássia, tudo mudou quando o pequeno Levi, hoje com cinco anos, começou a apresentar atraso no desenvolvimento. “Quando ele fez um ano e oito meses, comecei a perceber que ele não falava. Daí, até o médico falou que, se ele não falasse, teria que encaminhar para o neuro. Então, comecei a trabalhar só com ordem agendada”, lembra Cássia sobre a primeira mudança na rotina.
O “vai e vem” da escola de Levi também mudou. Em função do diagnóstico, Cássia passou a buscá-lo meia hora antes dos demais alunos. “Ele é uma criança hiperativa, não consegue ficar quieto”, diz.
Nessa mesma época, começou também uma batalha judicial para que ele pudesse ter mais condições de desenvolvimento. No meio disso, houve uma recomendação para que ela fizesse um curso para cuidar melhor do filho.
“Comecei a me interessar pelas coisas, a discutir bastante com os terapeutas na questão da melhoria dele [Levi], discutir não, debater. Daí, comecei a pesquisar a faculdade, porque, com isso, ajudo ele e me ajuda. Comecei a fazer a faculdade, eu estou no terceiro ano”, explica Cássia sobre o curso de terapia ocupacional.
Apesar do “ajuste” na rotina, a mãe lembra que ainda há muita dificuldade no dia a dia. “Às vezes ele tem crise na rua, tem gente que acha que é sem educação, mas nem ligo. Fico tentando ajudar.”
E é claro que os resultados já apareceram. Cássia usa o que aprende em sala de aula para atividades com o filho. Ela sabe de toda a luta para cuidar melhor do filho, mas reconhece que o propósito é muito maior que qualquer sacrifício. “Deus me deu um presente para eu ser uma pessoa melhor.”
‘Tia-mãe’
Dilma Galvão, de Sorocaba (SP), e a sobrinha Ana Paula
Arquivo pessoal
Dilma Galvão, de 49 anos, é mãe de Alan, de seis anos, mas, para Ana Paula, chamada carinhosamente de Paulinha, de 16 anos, a mulher é muito mais que apenas uma tia.
Ana Paula também é diagnosticada com TEA. Em função disso, após a morte do pai dela, Dilma começou a exercer um papel muito importante na vida da criança. Da área de recursos humanos, ela também migrou para a terapia ocupacional, tudo para dar mais qualidade de vida para a sobrinha.
E não foi a única graduação que a mulher fez para ajudar a sobrinha. Dilma também cursou pedagogia com o mesmo intuito. Ela também cursou pós-graduação em psicopedagogia e psicomotricidade e neuropsicopedagogia, além de outros cursos.
“Tudo para poder ajudar a minha sobrinha, reunir conhecimento para uma ter uma visão mais global e poder ajudar mais”. Com tudo isso, Dilma lembra que as portas se abriram para ela, inclusive, profissionalmente.
Dilma conta ainda que Ana Paula é autista não verbal e que seu vínculo com os outros dois sobrinhos, irmãos de Paulinha, é tão grande que ela é chamada de mãe. Dilma relembra também que esse vínculo ficou mais forte após a morte do cunhado.
“Foi muito horrível e, desde então, eu e meu marido, meu filho também, nós assumimos parte aí da responsabilidade”, lembra sobre os sobrinhos.
Ainda de acordo com ela, a maioria das 14 alunas do curso está cursando a área pelo mesmo motivo: ajudar filhos e parentes com autismo e TDAH, entre outras condições.
Dilma faz questão de agradecer por toda a mudança que ocorreu em sua vida. “Tenho certeza que Deus tinha um propósito para minha vida. A Paulinha veio para as nossas vidas para que eu pudesse ajudar outras crianças também.”
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