Motoristas profissionais, como caminhoneiros, condutores de aplicativos e representantes comerciais, passam boa parte de seus dias atrás do volante, muitas vezes por jornadas que ultrapassam oito, dez ou até doze horas consecutivas. Essa rotina prolongada no banco do veículo, embora faça parte essencial do trabalho, esconde riscos silenciosos à saúde, especialmente para o sistema musculoesquelético e a circulação. O corpo humano, projetado para o movimento constante, sofre as consequências dessa imobilidade forçada, mesmo quando o motorista pratica exercícios fora do expediente.
Pontos Principais:
- Motoristas sentados por horas desenvolvem amnésia glútea.
- Mesmo quem se exercita pode ser classificado como sedentário.
- Compressão dos glúteos causa desequilíbrio e dores na lombar.
- Paradas curtas e alongamentos são essenciais durante a jornada.
Estudos recentes apontam que permanecer muito tempo sentado pode causar uma condição conhecida como “amnésia glútea” — um enfraquecimento progressivo dos músculos dos glúteos por falta de ativação, que leva à perda de força, dores crônicas na região lombar e desequilíbrio postural. Isso acontece porque os glúteos, quando comprimidos por horas seguidas no banco, deixam de cumprir sua função essencial: estabilizar o corpo e sustentar a postura em pé ou durante a caminhada. Assim, mesmo motoristas que se exercitam regularmente podem ser classificados como sedentários se passam o dia inteiro sentados.

Além disso, a má circulação nas pernas, as dores na coluna e os incômodos na região pélvica não são apenas desconfortos passageiros, mas sinais de que o corpo está sendo exigido de forma inadequada. Para os profissionais do volante, é fundamental adotar estratégias simples, como pequenas pausas para alongamento, caminhar brevemente a cada parada e manter uma postura correta durante a direção. Esses cuidados ajudam a preservar a saúde no longo prazo e evitar que o trabalho, essencial para o sustento, se transforme em fonte constante de sofrimento físico.
Amnésia glútea: Ficar no carro o dia inteiro afeta músculos e causa dores crônicas

Ficar longos períodos sentado não é apenas uma consequência da rotina moderna, mas uma prática comum entre profissionais que dependem do carro como ferramenta de trabalho. Caminhoneiros, motoristas de aplicativo, representantes comerciais e vendedores externos frequentemente passam mais de oito horas por dia em posição estática, algo que a medicina atual já classifica como fator de risco à saúde, mesmo quando essas pessoas mantêm uma rotina de exercícios físicos fora do expediente. O comportamento sedentário vai além da ausência de academia: está ligado à imobilidade contínua durante o dia.
A Organização Mundial da Saúde já compara os efeitos do sedentarismo ao tabagismo em termos de mortes evitáveis. Isso significa que, independentemente de correr diariamente ou frequentar academia, o simples fato de permanecer sentado por horas contínuas eleva o risco de doenças crônicas. A posição sentada reduz o funcionamento dos grandes grupos musculares, especialmente os glúteos, responsáveis por estabilizar o corpo em pé e em movimento. Essa inatividade muscular é apontada por especialistas como um dos fatores responsáveis por dores e lesões crescentes na região lombar, quadris e articulações.
A fisioterapia moderna, aliada a abordagens como a medicina do estilo de vida, alerta que passar horas sentado compromete a circulação, a postura e a saúde articular. A contração muscular regular, essencial para o retorno venoso, diminui drasticamente com a imobilidade prolongada. Com isso, o fluxo sanguíneo nas pernas se torna mais lento, o que pode provocar inchaços, dores e até complicações mais graves com o tempo. A compreensão desse impacto vem exigindo novas estratégias para quem exerce funções profissionais no carro.
Sedentarismo ativo e a ilusão do movimento

Muitos motoristas acreditam que a prática regular de atividades físicas compensa o tempo passado ao volante. No entanto, o conceito de sedentarismo ativo derruba essa suposição. Mesmo os que correm ou se exercitam diariamente continuam sendo classificados como sedentários se mantêm uma rotina prolongada de imobilidade durante o restante do dia. A medicina do estilo de vida considera que o sedentarismo está presente sempre que o tempo sentado ultrapassa limites contínuos, independentemente da frequência com que se faz exercício físico.
Segundo especialistas, o corpo humano evoluiu para se manter em movimento ao longo do dia. A musculatura glútea, por exemplo, é composta por três grandes músculos que sustentam a postura ereta e estabilizam a marcha. Quando permanecem desativados por longos períodos, perdem função e entram em um processo conhecido como inibição neuromuscular. Isso afeta diretamente a capacidade de caminhar, subir escadas, manter equilíbrio e até dirigir por longos trajetos sem desconforto.
Essas alterações musculares não surgem do dia para a noite. Elas resultam de um padrão repetitivo de inatividade ao longo de meses ou anos. Com o tempo, os músculos deixam de responder de forma eficiente, provocando compensações em outras regiões do corpo, como a lombar e os joelhos, aumentando o risco de lesões. A aparência física pode até indicar normalidade, mas internamente o sistema musculoesquelético opera em desequilíbrio.
Impactos funcionais e riscos para o corpo
A ausência de movimento frequente causa alterações funcionais que vão além das dores localizadas. A região lombar, por exemplo, é uma das mais afetadas pela sobrecarga de peso quando o corpo permanece por muito tempo em posição inadequada. Mesmo cadeiras ergonômicas ou veículos com ajustes de banco e encosto não conseguem impedir a deterioração postural quando o corpo passa horas nessa posição. A distribuição do peso acaba recaindo sobre vértebras e articulações que não são preparadas para essa carga estática.
Além da sobrecarga lombar, o retorno venoso das pernas também é comprometido. Os músculos da panturrilha, que funcionam como uma espécie de bomba para impulsionar o sangue de volta ao coração, precisam da contração rítmica para cumprir sua função. Quando a movimentação é escassa, o sangue tende a se acumular nas extremidades, gerando inchaços, varizes e sensação de cansaço. Essa lentidão circulatória pode desencadear quadros mais sérios, como trombose, especialmente em pessoas predispostas.
Mesmo as práticas recomendadas para ambientes de escritório, como manter a tela do computador na altura dos olhos, cadeira com apoio lombar e pés firmes no chão, não eliminam os efeitos do tempo excessivo em posição sentada. O corpo naturalmente tende a relaxar ao longo das horas, alterando a postura e promovendo desalinhamentos estruturais. Esses ajustes involuntários ao conforto momentâneo acabam pressionando áreas sensíveis da coluna e modificando o eixo de equilíbrio corporal.
Adaptação biológica e limites evolutivos

Apesar de vivermos em um mundo acelerado e adaptado ao conforto, a biologia humana ainda responde como há milhares de anos. Os especialistas em ortopedia e fisiologia humana explicam que a estrutura do corpo foi desenhada para o movimento constante. Ossos, músculos, ligamentos e articulações estão preparados para responder à atividade cotidiana. A permanência prolongada na posição sentada vai contra esse padrão, levando à perda de função de estruturas essenciais.
Mudanças evolutivas ocorrem ao longo de milênios, a partir de pressões ambientais que favorecem determinados traços genéticos. A imobilidade, embora cada vez mais comum, ainda não foi suficiente para alterar as necessidades funcionais do corpo humano. Por isso, as consequências físicas do comportamento sedentário aparecem com frequência em consultórios médicos e fisioterapêuticos. Dores crônicas, inflamações e desequilíbrios posturais são comuns entre quem permanece por muitas horas no carro.
Mesmo com o avanço da tecnologia e o surgimento de veículos mais confortáveis, o impacto da imobilidade não é solucionado apenas com design de assento. A solução passa pela mudança de hábitos. Isso inclui desde o simples ato de levantar-se a cada hora até a realização de caminhadas curtas entre um atendimento e outro. Reintroduzir o movimento no cotidiano é uma medida preventiva que pode reduzir significativamente os efeitos do sedentarismo profissional.
Estratégias simples para reduzir os danos

A recomendação de fisioterapeutas e educadores físicos é que motoristas profissionais criem pausas programadas ao longo do dia. A cada 60 minutos, levantar-se do assento, fazer alongamentos básicos e caminhar por alguns minutos já é suficiente para reativar a musculatura. Essa simples atitude ajuda a preservar a função muscular e a aliviar a compressão lombar, mantendo a circulação ativa e prevenindo complicações a longo prazo.
Outra estratégia indicada é evitar manter garrafas de água ao alcance durante o trabalho. Ao precisar se levantar para se hidratar, o profissional incorpora pequenas caminhadas obrigatórias à sua rotina. Essas pausas forçadas quebram o ciclo de imobilidade e contribuem para a reeducação postural. Cada retorno à posição sentada após uma pausa tende a ser mais consciente, com ajustes naturais da postura e distribuição mais adequada do peso corporal.
Mesmo fora do carro, é importante que os momentos de descanso não sejam também marcados pela inatividade. Aproveitar o tempo livre para caminhadas, tarefas domésticas ou atividades físicas recreativas pode reforçar os benefícios das pausas ativas. O objetivo não é substituir o exercício físico estruturado, mas complementar a movimentação corporal com ações simples ao longo do dia, garantindo que os músculos permaneçam ativos e preparados para o uso funcional.
O papel da consciência corporal e reeducação
A reeducação postural é um processo contínuo que exige observação e ajuste constante da forma como o corpo se posiciona nas atividades diárias. Motoristas que passam o dia ao volante tendem a desenvolver padrões compensatórios de movimento, que afetam desde a inclinação da cabeça até a rotação dos ombros e quadris. Sem correção, esses padrões se tornam crônicos e comprometem a mobilidade ao longo dos anos.
O uso de recursos como almofadas de apoio, suportes lombares e corretores posturais pode ajudar temporariamente, mas não substitui a importância do movimento regular. A musculatura só mantém sua função plena quando é ativada. O corpo humano, ao contrário de máquinas, não se preserva parado. Ele depende do uso constante para conservar sua estrutura e evitar perdas funcionais.
Por isso, a prática de pequenas rotinas de mobilidade deve ser incorporada à jornada de quem trabalha dirigindo. Alongamentos nos intervalos, movimentação do tronco, exercícios isométricos para as pernas e fortalecimento da região abdominal são ferramentas eficazes e acessíveis. Ao priorizar a consciência corporal, o motorista cuida de seu principal instrumento de trabalho: o próprio corpo.
Fonte: Claudia, CNN, Fetropar, Bbc e Folha,
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