O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, divulgou nessa quarta-feira, 30, os números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referentes a março. O desempenho nacional foi abaixo do que vinha sendo registrado, mas dentro do esperado pelo governo federal, em vista da menor quantidade de dias úteis, pois o Carnaval ocorreu no período avaliado. Santa Cruz do Sul teve a sequência de bons resultados, sobretudo em função das contratações da indústria de transformação do tabaco. No primeiro trimestre, fica atrás apenas de Porto Alegre.
Marinho aproveitou a apresentação dos números de emprego formal para mandar recado ao Banco Central, mostrando que os resultados positivos sinalizam uma tendência de crescimento no setor produtivo, o que seria suficiente para frear a contínua alta na taxa de juro Selic. O ministro frisou que o saldo de 71.576 contratações fez com que o País chegasse a um novo recorde em trabalhadores com carteira assinada: 47.857.000.
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Em Santa Cruz foram abertas 1.275 novas oportunidades em março, o que representa acumulado de 6.428 nos três primeiros meses do ano. A indústria puxa a geração de empregos no município, com 1.141, seguida pelos serviços, 195, e comércio, 22. Agropecuária e construção civil fecharam 48 e 35 vagas a mais do que abriram, respectivamente.
Dos 16 municípios acompanhados mensalmente pela Gazeta do Sul, além de Santa Cruz, Venâncio Aires aparece entre os que mais empregaram formalmente no primeiro trimestre de 2025. A informação confirma a importância da sazonalidade, haja vista que é o período de contratação do setor de transformação do tabaco.
O segmento chegou a receber reconhecimento do ministro Luiz Marinho em função de seu desempenho, com a geração de 2.529 novas vagas. Em março, quatro municípios do Vale do Rio Pardo apresentaram resultado negativo: Boqueirão do Leão, Encruzilhada do Sul, Vale do Sol e Vale Verde.
Sinal de alerta
Ao apresentar os números do Caged de março, o ministro Luiz Marinho ponderou que a expectativa era de que as contratações fossem reduzidas após um fevereiro bem expressivo, em função de que o Carnaval foi em março, diminuindo a quantidade de dias úteis no terceiro mês do ano.
O professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) e consultor, Diogo Carneiro, entende que parte do resultado pode estar relacionada ao período do feriado. Alerta, porém, para uma possível retração da economia, que já era esperada. Cita as ações do Banco Central, com a elevação das taxas de juros, como forma de conter a pressão inflacionária.
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Carneiro acrescenta que é preciso atenção à tendência de arrefecimento do mercado. “Os bons números que vinham sendo apresentados eram vistos com estranheza no mercado.” Exemplifica sua opinião ao ver o desempenho dos setores. Enquanto serviços, indústria e construção civil tiveram saldos positivos, agropecuária e comércio fecharam mais oportunidades de trabalho do que abriram.
“O comércio chama a atenção. Tem o período sazonal com baixa no varejo neste período, mas esse é um setor que logo tem reflexo em outros, como a indústria”, explica. Ele acredita que a agropecuária deve se restabelecer com o tempo, dentro da sazonalidade, enquanto o comércio pode aproveitar os sinais de volta ao mundo analógico, com a busca pelas lojas físicas.
Grandes empreendimentos têm entendido essa tendência de volta às origens, até pela condição global, e buscado esse cliente que deseja ir à loja. “Esse reflexo é bom para as lojas menores, que ampliam a clientela. Mas é preciso ficar atento, porque o comércio é o primeiro que sente o golpe em situação de arrefercimento econômico”, conclui.
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