VÍDEO: união e solidariedade para fortalecer a comunidade fragilizada pela catástrofe

A união de esforços entre empresas, entidades e a população foi crucial para que os atingidos pela enchente de 30 de abril de 2024 conseguissem reagir e lidar com as consequências da catástrofe. A mobilização para a limpeza da área urbana de Sinimbu, as doações de alimentos, móveis, materiais e recursos para a reconstrução foram determinantes para a comunidade seguir em frente e recomeçar. Soma-se a isso a participação de voluntários que se colocaram à disposição para mudar o cenário.

A Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sinimbu (Cacis), por exemplo, atuou de forma direta com os 130 associados, divulgando informações e realizando campanhas com parceiros, como a Federação Varejista do Rio Grande do Sul e o Sicredi. Juntas, as entidades ajudaram ao menos 70 empresas com doações de móveis, como mesas de escritório e balcões, e computadores.

Apoio de empresas, entidades e voluntários de todas as regiões foi essencial para recomeço da comunidade

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Com o suporte do Sebrae, 84 empresas foram beneficiadas por meio do programa Sebraetec Supera, com consultoria de recuperação. Quem também prestou assistência e apoio a mais de 20 empresas foi a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), que disponibilizou estrutura e profissionais. 

Através da campanha online Unidos para Crescer e da live solidária da CDL Mulher de Vacaria e de recursos próprios, a Cacis arrecadou valores para colaborar com as empresas, somando R$ 68.480,00. Os recursos foram distribuídos para mais de 60 empresas cadastradas, em formato de reembolso por despesas causadas pela enchente.

A entidade também intermediou a distribuição de doações para a população. Através da ação batizada de A Maior Campanha Solidária do RS, a Cacis recebeu R$ 150 mil para compra de móveis distribuídos a famílias atingidas, indicadas pela Assistência Social. Os itens foram adquiridos em empresas locais, contribuindo para a circulação de recursos e, de certa forma, proporcionando a retomada após a catástrofe. A entidade ainda recebeu uma série de repasses que foram revertidos à comunidade.

Movimento Por Sinimbu

Com empatia e compaixão, o movimento Por Sinimbu nasceu em maio de 2024 para responder à calamidade. Impulsionado pela força da solidariedade, um grupo de profissionais santa-cruzenses uniu esforços com empresários de Sinimbu para colaborar na reconstrução. Liderado pela publicitária Alessandra Bischoff Fischer, o time de voluntárias contou com nomes como a também publicitária Sílvia Bittencourt, as arquitetas Téia Kessler, Iara Cougo, Clarissa Leite e Larissa Pranke, a chef Fabiane Grudzinski e a artesã e influencer Vivi Rizzolo.

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Junto à Cacis de Sinimbu, elas empreenderam esforços em projetos arquitetônicos e de urbanismo, em oficinas, na organização, identidade visual e decoração de eventos que buscaram impulsionar a economia local.

O primeiro evento realizado, em junho, foi o Old School Day – Sinimbu. Contou com a exposição de carros antigos e antiguidades, apresentações culturais e artísticas, shows de bandas e presença de empreendedores locais. A programação teve o objetivo de fortalecer a economia e fomentar o turismo. Mais de 4 mil visitantes conferiram os atrativos de 30 expositores resultando em cerca de R$ 100 mil em vendas.

Celebrando a cultura e a esperança, o grupo, em parceria com a Cacis, organizou o 1º Festival da Bolacha de Natal – tradicional iguaria alemã com receita transmitida de geração em geração, que simboliza a união familiar, o amor e a esperança. Durante a iniciativa, a decoração da cidade, exposições e apresentações atraíram visitantes que prestigiaram os expositores e o comércio do município. Para Alessandra Fischer, a força da solidariedade que emergiu após as enchentes foi um dos cenários mais emocionantes já presenciados.

Alessandra e Thomas: união pela economia e turismo

Foi nesse contexto que nasceu o livro infantil Sinimbu e o Conto de Natal. Escrita por Alessandra, a obra eterniza o espírito de fraternidade que tomou conta da região, especialmente após a tragédia. Também buscou levar esperança para os atingidos e ajudar as crianças a expressarem seus sentimentos em relação às enchentes.

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Com ilustrações e uma narrativa tocante, o livro mostra o poder da união para trazer esperança. A renda obtida com a venda da publicação, disponível na Livraria Iluminura, em Santa Cruz do Sul, está sendo destinada à Escola Nossa Senhora da Glória, de Sinimbu, duramente atingida pelas águas.

Ações estimulam a retomada

Projetos de revitalização e reorganização do artesanato, comércio e gastronomia local ganharam força com oficinas e reuniões de capacitação e grupos de trabalho.

“Diversas ações já foram realizadas, com o objetivo de auxiliar as empresas e impulsionar seus negócios. Agora trabalhamos com o propósito maior de colocar Sinimbu no mapa do turismo estadual”, salienta o presidente da Cacis, Thomas Koch.

Old School Day foi o primeiro evento organizado com o objetivo de estimular o comércio e serviços locais

O vice-prefeito e secretário de Agricultura, Indústria, Comércio e Meio Ambiente de Sinimbu, Vanderlei Fredrich, frisa que a administração municipal segue mobilizada para incentivar o desenvolvimento do comércio, indústria e serviços. “O trabalho segue intenso na recuperação de estradas, bem como nos processos licitatórios e obras de construção de pontes danificadas pela enchente, garantindo a mobilidade da população.”

Segundo ele, a liberação das vias fortalece o comércio e o turismo rural, incentivando a comunidade regional a retornar a Sinimbu, em busca dos empreendimentos locais. Fredrich destaca a realização dos cursos do RS Qualificação, a partir de iniciativa do Estado em parceria com a Prefeitura. “Essas capacitações são muito importantes para nossa população, oportunizando a ela crescimento profissional.”

Cooperação para voltar a crescer

Com a unidade local totalmente perdida, o objetivo da Cooperativa Sicredi naquele momento era auxiliar a população de Sinimbu. “A gente olhava o quanto a comunidade tinha sido atingida, pessoas que perderam tudo, tanto na cidade quanto no interior”, relembra o presidente da instituição no Vale do Rio Pardo, Heitor Petry.

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Ele conta que em comum acordo entre os conselhos fiscal e de administração, além dos delegados de núcleo, decidiu-se que os recursos do fundo social da cooperativa de 2024, além de outras doações, seriam destinados para ações de reconstrução. Assim, em toda a região, mais de R$ 2,3 milhões foram investidos pela cooperativa de crédito. Somente para Sinimbu, o valor foi de quase R$ 1 milhão.

Esse montante foi revertido em projetos de reconstrução e reformas de escolas, doações de material escolar e de móveis para famílias atingidas. Também auxiliou na reconstrução de pontes pênseis.
Com o dinheiro, houve distribuição de mudas para os agricultores e de caixas de abelhas. Em parceria com outras entidades, ocorreu o repasse de recursos para aquisição de móveis e equipamentos, destinados a pequenos estabelecimentos do município. E por meio do Conselho Agropecuário, a cooperativa ajudou agricultores com insumos como fertilizantes, corretivos e calcário.

“Através de todos os associados do Sicredi foi possível ajudar em várias demandas, do agro e também das empresas, da educação”, ressalta Heitor Petry. Na sede administrativa em Santa Cruz do Sul, foi montado um ponto de recepção de doações que eram enviadas de diversas partes do Brasil, tão logo eram direcionadas aos atingidos da região.

Comunidade não ficou sem atendimento

Para não deixar a comunidade desassistida e sem informações, a cooperativa Sicredi, cuja unidade na cidade foi totalmente destruída, restabeleceu os atendimentos de forma improvisada assim que as águas baixaram. Por cerca de 20 dias, funcionou em espaço cedido em uma casa comercial.

“Ficamos muito tristes, porque aquela agência que recém havíamos inaugurado estava totalmente perdida”, conta o presidente da instituição. Além da compra de equipamentos, foi necessário reformar todo o prédio.

A partir de 20 de maio até o fim de agosto, a comunidade passou a ser atendida numa unidade móvel, enviada da agência do município de Ibiraiaras. No veículo eram prestadas informações, consultas e resolvidas questões pontuais.

No entanto, as transações só puderam ser feitas a partir de 4 de junho, quando um pequeno espaço da agência foi reorganizado com um terminal de autoatendimento.

Ponte Centenária voltará a conectar os moradores

A Ponte Centenária sobre o Rio Pardinho, que foi danificada durante a enchente e desde então está interditada para passagem de veículos, será reconstruída. A assinatura do contrato para o início das obras ocorrerá hoje, durante a solenidade Sinimbu Agradece!.

A empresa responsável pela obra será a FG Construtora Ltda., classificada em segundo lugar no processo licitatório. O projeto foi elaborado pelo engenheiro Ricardo Almeida. A expectativa é de que após o início, a estrutura esteja em condições de uso em cerca de seis meses.

Com custo de R$ 1.619.000,00, a obra será realizada em parceria entre a administração municipal e a empresa Japan Tobacco International (JTI).

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Sinimbu Agradece!

No dia em que se completa um ano da catástrofe climática que arrasou Sinimbu, a comunidade organiza um ato de agradecimento aos voluntários que auxiliaram o município de alguma forma.

Pelo menos 2 mil pessoas foram atingidas diretamente, perdendo bens, e outras 6 mil de forma indireta. Além disso, 120 estabelecimentos comerciais foram afetados e prédios públicos destruídos e/ou danificados.

O evento ocorreu a partir das 15h30 desta quarta, junto à Praça do Monumento ao Imigrante, na esquina com a Igreja Católica Nossa Senhora da Glória. Segundo os organizadores, também será um momento de reflexão e para celebrar a vida, a resiliência e a força dos sinimbuenses. Durante a solenidade, haverá a participação do Grupo Elas Violão Encanto e Banda do 7º BIB.

Foco na recuperação

No dia 9 de maio do ano passado, o Grupo Foco (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Oscip) ​​iniciou uma mobilização solidária para apoiar as vítimas. Uma conta foi aberta para arrecadar recursos destinados a itens básicos como água e higiene.

Entre as ações desenvolvidas pelo Grupo Foco, houve a realização de projetos com os empresários locais

Segundo a presidente da entidade, Áurea Binz, foi possível ampliar o impacto da ação com o apoio de empresas nacionais e internacionais. “Foram adquiridos móveis, cobertores, toalhas e eletrodomésticos para famílias que tiveram perdas e colaboramos com a compra de equipamentos e reforma da Cacis e do Hospital de Sinimbu, priorizando o comércio local.” 

A entidade também foi responsável pela reconstrução de mais de 10 pontes pênseis no interior do município, garantindo o acesso de comunidades isoladas. Além disso, auxiliou com projetos de resgate ambiental e de apoio emocional a alunos de escolas atingidas.

“Não duvido de mais nada”, diz morador de Mato Leitão

A data de 30 de abril traz lembranças nada agradáveis aos moradores residentes nas proximidade do Arroio Sampaio, em Mato Leitão. Há um ano, todos acompanhavam angustiados a rápida elevação do nível da água. Mal sabiam que era o início da maior tragédia climática do Rio Grande do Sul.

A força das águas destruiu naquela fria tarde, com muita chuva, duas pontes (conhecidas como de ferro e Passo Fundo), na divisa entre os municípios de Mato Leitão e Cruzeiro do Sul.

Schneider lembra que a maior enchente anterior, ocorrida em 1941, foi ultrapassada pela registrada no fim de abril do ano passado

“Foi tudo muito rápido. Quando percebemos a ponte de ferro já tinha sumido, não existia mais. Acho que em menos de 24 horas choveu uns 700 milímetros não só aqui, mas na região”, lembra Guido Schneider, 67 anos. Nas paredes da antiga casa da família, construída em 1926, e num dos pilares do galpão (distante cerca de 200 metros do arroio) estão registrados os níveis da água.

Schneider lembra que a maior enchente havia acontecido em 1941. “A do ano passado, passou em 90 centímetros essa marca. Lembro de outras grandes enchentes nos anos de 2001 e 2011. Saí dessa casa em 2008 justamente com medo da água. Já fiquei muitas noites acordado e com a lanterna ligada controlando a chegada da água. É muito ruim passar por isso”, disse. Três gerações dos Schneider habitaram o imóvel: famílias de Guido, do pai Valdemar e do avô Balduíno.

Mesmo agora, residindo em uma área mais alta, os momentos vividos na enchente do ano passado foram assustadores. “Ficamos totalmente ilhados. A estrada em frente da casa estava completamente tomada pela água. Chegamos a fazer contato com os bombeiros para um possível resgate”, lembra. O pedido, recorda Guido, acabou sendo cancelado.

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“Foi a ponte cair e a água baixou rapidamente. Os diversos entulhos bateram na estrutura e com isso a água ficou represada, alagando tudo nas proximidades. Só depois que o arroio baixou que as pessoas perceberam que a ponte não estava mais no lugar.”

Ao ser questionado sobre o futuro e a possibilidade de uma nova enchente com as mesmas proporções, Guido afirma que “não duvida de mais nada”. “Do jeito que as coisas estão, pode acontecer sim. Em setembro de 2023 já foi grande e meses depois veio essa bem pior.

Ponte

Uma das pontes destruídas pela enchente do ano passado é a chamada ponte de ferro, que era muito utilizada pelos moradores. Guido Schneider comenta que a construção foi finalizada em 1964, pelo então governo municipal de Lajeado (ex-prefeito Bruno Born).

“Me lembro como se fosse hoje. A movimentação de operários foi grande. Uma grande obra para aquela época”, disse.

O morador comenta que o terreno da antiga residência da família foi usado constantemente por equipes da Secretaria de Obras de Venâncio Aires (Mato Leitão era distrito).

“Quando trabalhavam nas estradas da região, eles ficavam por aqui, dormindo [galpão] e fazendo as refeições. Assim eles aproveitavam melhor os dias evitando o deslocamento até Venâncio Aires.”

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