‘A medição é insuficiente’: diretor da Globo tenta explicar a queda na audiência das novelas

A medição da audiência de televisão realizada pela Kantar Ibope está no centro de um debate que envolve tanto os grandes veículos de mídia tradicional quanto as novas plataformas digitais. A crítica central é que o método de aferição está defasado e não acompanha a realidade atual do consumo de conteúdo, seja ele transmitido pela televisão ou disseminado pelas redes sociais.

O questionamento é compartilhado por empresas como a Globo e plataformas como o YouTube. De acordo com Amauri Soares, diretor-executivo dos Estúdios e da TV Globo, as mudanças nos hábitos de consumo de mídia têm impacto direto na percepção da audiência das produções da emissora.

Ele destaca que o desempenho das novelas não pode mais ser avaliado exclusivamente pelos índices tradicionais. “A medição é insuficiente. A medição não alcança a diversidade de maneiras de se assistir uma novela hoje“, disse Soares com exclusividade ao portal Notícias da TV.

Ibope faz a medição em milhares de residências

Atualmente, a medição do Ibope é realizada em 6.310 domicílios distribuídos por 15 regiões metropolitanas brasileiras. Nestes lares vivem 18.519 pessoas, amostra que representa, estatisticamente, 27 milhões de casas e 69,2 milhões de indivíduos, o equivalente a pouco mais de um terço da população do país.

A coleta dos dados é feita com o uso de aparelhos que identificam, por meio do áudio, o conteúdo que está sendo assistido. “As métricas [da Kantar Ibope] não alcançam esse consumo. A novela está presente em vários momentos, em várias plataformas, de várias maneiras”, disse Soares.

Audiência não estaria mostrando a verdade, alega diretor da Globo

Esta base de dados forma o chamado PNT (Painel Nacional de Televisão), que serve como referência para o mercado publicitário e para as emissoras. A principal crítica é que este painel não considera o consumo de conteúdo fora dos lares, como em escritórios, estabelecimentos comerciais ou durante deslocamentos.

Outro ponto de insatisfação da Globo é que o atual sistema também não contabiliza o crescente consumo de seus conteúdos por meio das redes sociais. Segundo Amauri Soares, a falta de atualização das métricas gera comparações inadequadas com índices de anos anteriores, quando o consumo era quase exclusivamente linear e concentrado no televisor.

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