O mês de abril é dedicado à conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). No início do mês, o Dia Mundial de Conscientização, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 e que no Brasil é conhecido como Dia Nacional de Conscientização, evidenciou o tema.
O objetivo é divulgar informações sobre esse transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta de várias formas e pode ser identificado desde os primeiros meses de vida. Resumidamente, trata-se de uma condição complexa que pode afetar a maneira como uma pessoa se comunica, interage e processa informações.
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Quando diagnosticado, diversos tratamentos que podem ser introduzidos. De modo geral, envolvem uma equipe multidisciplinar, com médicos, psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos e outros. A fonoaudiologia, por exemplo, é essencial no acompanhamento de pessoas com TEA, em especial crianças que apresentam atrasos ou alterações na linguagem verbal e não verbal, dificuldades na comunicação social e nos padrões de interação.
Nesses casos, o fonoaudiólogo atua no desenvolvimento da fala e no aprimoramento da capacidade de se comunicar, seja por meio da fala, da linguagem de sinais, de sistemas de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) ou outros recursos que favoreçam a autonomia e a interação social.
A fonoaudióloga Suellin Rodrigues, especialista em Distúrbios Neurocognitivos e com formação em CAA aplicada ao ambiente escolar, observa que a fonoaudiologia amplia as possibilidades de comunicação para crianças e adolescentes com dificuldades de fala e linguagem. Ela integra a equipe técnica do programa TEAcolhe no Cisvale em Santa Cruz do Sul. Também presta serviços na área da educação no município de Passo do Sobrado.
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Além disso, é idealizadora e responsável pela SER – Fonoaudiologia e Serviços Assistidos por Animais, uma clínica que alia inovação, acolhimento e atendimento personalizado para promover o desenvolvimento humano em todas as fases da vida. Voltada ao atendimento de crianças, adolescentes e adultos, Suellin observa que é importante manter um olhar individualizado aos pacientes em cada fase da vida, bem como para suas necessidades específicas.
Segundo ela, o ideal é procurar um fonoaudiólogo sempre que houver qualquer dúvida sobre o desenvolvimento da linguagem, fala ou comunicação da criança. Quanto mais cedo a intervenção, maiores são as chances de promover avanços significativos na comunicação e na qualidade de vida.
“Os pais e responsáveis não precisam ‘esperar para ver’. As dúvidas são sempre bem-vindas no consultório e podem evitar atrasos futuros”, alerta. As principais queixas identificadas em consultas envolvem dificuldades de comunicação funcional, seja pela ausência de fala, pela fala pouco efetiva (como repetições de palavras ou frases) ou pela dificuldade de manter interações sociais de forma espontânea.
Há ainda relatos sobre dificuldades de interação, como a criança não conseguir manter diálogos, interpretar emoções, respeitar turnos de fala ou iniciar brincadeiras com outras crianças. Outro ponto frequente é a seletividade alimentar que, embora pareça exclusivamente nutricional, envolve aspectos fonoaudiológicos, sobretudo no que se refere às habilidades motoras orais (como mastigação e deglutição), questões sensoriais (respostas exacerbadas a texturas, sabores e cheiros) e à associação da alimentação com experiências comunicativas e sociais.
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Como se comunicar?
A melhor forma é construir uma comunicação que seja acessível, acolhedora e respeitosa para a criança. Usar frases simples, linguagem concreta, dar tempo para que a criança processe a informação e incluir gestos, imagens ou outros apoios visuais pode tornar a interação mais fluida.
É essencial lembrar que respeitar o ritmo da criança não significa adiar estímulos. Afinal, quanto mais cedo a criança receber apoio especializado, maiores são as chances de desenvolver habilidades de comunicação que a ajudarão em toda a vida. Cada pequena tentativa de comunicação – seja um olhar, um gesto, uma palavra ou um toque – merece ser reconhecida e incentivada. Quando os pais acolhem essas formas de expressão, eles não só fortalecem o vínculo afetivo, mas também abrem portas para novos caminhos de interação e autonomia.
Sinais de alerta aos pais
- Pouco ou nenhum contato visual com familiares ou outras pessoas;
- Não responder ao ser chamado pelo nome, como se não escutasse;
- Atraso no desenvolvimento da fala, como ausência de balbucio, palavras ou frases na idade esperada;
- Dificuldade em demonstrar interesse social, como brincar de forma compartilhada ou buscar interação espontânea;
- Preferência por brincar sozinho, com interesses restritos e repetitivos;
- Interesse intenso e prolongado por objetos incomuns, como rodinhas, luzes ou padrões visuais
- Movimentos repetitivos (como balançar as mãos, girar objetos ou o próprio corpo);
- Reações sensoriais intensas ou pouco usuais, como cobrir os ouvidos com sons comuns ou evitar certos tecidos, texturas e cheiros;
- Dificuldade em compreender comandos simples ou interpretar gestos e expressões faciais;
- Rigidez frente a mudanças na rotina, demonstrando grande desconforto ou crises diante de alterações mínimas no ambiente;
- Importante: embora indiquem necessidade de avaliação, esses sinais isolados não fecham diagnóstico, mas servem como alerta para buscar uma avaliação fonoaudiológica e multidisciplinar.
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