A terceira e última sessão da 2ª Mostra de Cinema Palestina Livre, uma parceria entre a AAC e o Comitê pela Paz na Palestina de Santa Cruz do Sul, ocorre nesta terça-feira, 29, às 19h30. Será exibido o documentário Gaza, 2019, de Garry Keane e Andrew McConnell, Irlanda/Canadá, com duração de 92 minutos.
A obra conta sobre o território marcado por ciclos de destruição, onde a guerra faz parte do cotidiano e jovens destemidos arriscam suas vidas pela liberdade, enfrentando os tiros de Israel com estilingues e pedras. A desigualdade entre os dois lados e o inqualificável uso desproporcional da força pela potência colonial é um dos pontos de maior impacto no longa. Contudo, apesar dos conflitos e do extermínio que deles decorrem, o filme vai além e mostra aspectos menos presentes nos noticiários e no imaginário popular. Os diretores Andrew McConnell e Garry Keane captaram um retrato daquele pequeno pedaço do mundo em 2018, quando os escombros ainda não eram a maior parte da paisagem.
Em Gaza há cores, sonhos e esperança. O diálogo com palestinos comuns sustenta o filme de 92 minutos. Não desviamos os olhos dos personagens e daquele local tão enigmático, capturado por um excelente e arriscado trabalho de fotografia, que contempla o belo horizonte litorâneo, mas também se faz presente em tensos momentos de violência.
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Gaza transmite as vozes de quem nunca é ouvido, e elas ressoam intensamente. Numa série de vinhetas protagonizadas por gente comum – um salva-vidas, um rapper, uma violoncelista, um alfaiate, uma estilista, um diretor de teatro, um menino de 14 anos que é apaixonado pelo mar e quer ter um grande barco de pesca, um taxista bem-humorado, que transporta e conversa com todo tipo de gente com um sorriso no rosto. São pessoas normais que desejam uma vida normal.
São mostradas pessoas que tentam sobreviver numa “prisão a céu aberto” (a expressão é de um dos personagens), onde já faltava de tudo: comida, água, remédios, eletricidade, empregos e sobretudo esperança. Asfixiados entre as fronteiras fechadas de Israel e Egito, e um mar invencível do qual só podiam usufruir uma faixa de 10 quilômetros, aos palestinos só restava, além do sofrimento, a indignação que explodiria pelas mãos do Hamas cinco anos mais tarde.
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Além de ouvir as razões e os sonhos daqueles habitantes, de diversas idades e estamentos sociais, Gaza acompanha um socorrista na missão de resgatar feridos nos conflitos com israelenses nas bordas do território, onde as pedras rudimentares enfrentavam tiros e bombardeios indiscriminados. As imagens da dor de 2018 não devem se comparar com o que hoje atinge os moradores de Gaza. Por tudo isso o documentário poderia muito bem ser chamado de “Gaza pouco antes do apocalipse”.
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