Quando se fala em maternidade, muitas questões são abordadas, como a rotina com um recém-nascido e os desafios diários. No entanto, pouco se fala sobre a transformação emocional para a nova mãe. No próximo mês, a Campanha Maio Furta-cor vai mobilizar a sociedade para a conscientização e a sensibilização sobre a saúde mental materna. Conforme a psicóloga perinatal e da parentalidade Cássia Reckziegel, o nome representa a pluralidade de emoções que acompanham a maternidade, indo além da romantização e destacando as cores e nuances de ser mãe.
Para a psicóloga, a campanha tem grande importância, pois traz visibilidade para o sofrimento psíquico materno, ainda considerado um tabu. “Muitas mulheres vivenciam ansiedade, exaustão, culpa, depressão e até pensamentos sobre desistir, mas silenciam por medo do julgamento”, revela. Acompanhando gestantes e mães na prática clínica, Cássia diz que muitas mulheres chegam sobrecarregadas e com uma cobrança interna intensa.
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Entre os relatos mais ouvidos pela psicóloga estão a culpa por não corresponder à imagem idealizada da maternidade; o cansaço extremo, tanto físico quanto mental; o medo de não se conectar com o bebê, sobretudo após as dificuldades com a amamentação; a solidão materna; a perda da identidade e a comparação com outras mães. A psicoterapia, nesse contexto, é um cuidado necessário para que as mães possam viver a maternidade de forma mais leve, possível e autêntica, ressalta a psicóloga.

Nesses casos, uma das indicações é a procura por ajuda psicológica especializada, de preferência com um profissional que compreenda os desafios da maternidade. Caso não seja viável, Cássia recomenda a procura por uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para o acompanhamento psicológico.
Grupos de apoio e pessoas de confiança também podem ser um modo de acolhimento. “Falar é um ato de coragem e cuidado. Ninguém deveria maternar sozinha”, reflete.
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Cássia acredita que a sociedade precisa entender que o maternar não é uma responsabilidade exclusiva da mulher, e sim um ato coletivo. “Tratamos a saúde mental materna como algo secundário e individual, quando na verdade é questão de urgência pública.”
Na opinião da psicóloga, é necessário pensar em políticas públicas que garantam o suporte psicológico para gestantes e puérperas, assim como é fundamental investir na formação de profissionais da saúde com um olhar mais humanizado para a questão. “Quando uma mãe adoece, todo o entorno adoece junto. Cuidar da mãe é cuidar da base da sociedade”, conclui.
Ações
O movimento do Maio Furta-cor vem ganhando força em Santa Cruz do Sul. Neste ano, foi proposta a criação de um projeto de lei municipal, entregue ao secretário municipal de Saúde, Rodrigo Rabuske, com o objetivo de instituir oficialmente a campanha no calendário municipal.
Além disso, já foram iniciadas ações educativas, rodas de conversa, encontros de apoio e divulgação de informações nas redes sociais e em espaços da cidade. Segundo Cássia, as ações reforçam que o município pode e deve fazer parte da construção de uma rede mais humana e empática com as mulheres que cuidam.
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