Há 67 anos a residência localizada na Rua Assis Brasil, 305, no centro de Santa Cruz do Sul, é sinônimo não só de lar, mas também de empenho e profissionalismo para Gladis Lenz Arend, de 87 anos. Com quadros de todas as turmas para as quais já ministrou aulas e figuras nas paredes que ilustram a paixão pela Oktoberfest, ela recebe clientes e segue fazendo uma das coisas que mais ama: ser cabeleireira.
Empreendedora de mão cheia, logo que iniciou os trabalhos na área, buscou aprender como transmitir os ensinamentos para aqueles que tanto a solicitavam. “Comecei a trabalhar e aí veio: ‘Gladis, quero aprender contigo, tu me ensina?’. Fui para Porto Alegre, fiz mais cursos e registrei minha escola”, relembra.
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O Instituto de Beleza e Escola de Cabeleireiros treinou turmas até 2020, quando as restrições impostas pela Covid-19 não permitiram mais o contato entre muitas pessoas em um mesmo ambiente. Hoje, apesar de não realizar mais os treinamentos, Gladis garante que sempre está aberta e solícita para receber quem deseja saber mais da profissão.
Foram mais de 5 mil alunos e alunas, que hoje encontram Gladis pelas ruas de Santa Cruz do Sul e são gratos pelos ensinamentos e pelo carinho. Além deles, a cabeleireira ficou conhecida por levar suas turmas para cortar o cabelo de crianças em várias localidades da região de forma gratuita. “Em outubro, vi um casal com dois filhos. O pai me apontou e disse: ‘Olhem, é a tia Gladis, essa que cortava meu cabelo no colégio”, se emociona.
Os clientes foram muitos. Entre eles, o colunista da Gazeta do Sul, Ike, e o atual prefeito de Santa Cruz do Sul, Sérgio Moraes. “A mãe do Sérgio era minha cliente. Cortava e cuidava do cabelo dele quando tinha 5 anos.”
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Dinamismo nato
Os trabalhos profissionais de Gladis iniciaram-se aos 20 anos. No entanto, a paixão pela profissão que iria seguir já era vista em pequenas ações e falas. “Com 12 anos, queria sempre estar com o cabelo bonito e bem cortado”, recorda.
Natural de Vera Cruz, além dos diversos cursos, o dom da família também influenciou Gladis. Sua mãe sempre cortou o cabelo dela quando criança, enquanto seu pai, um dos maiores incentivadores da carreira da filha, trabalhou como barbeiro antes de se casar. “Eu tinha 18 anos, aí o pai disse assim: ‘Acho que tu já pode fazer o curso de cabeleireira. Comecei e não parei mais.”
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Nos pés, a dança
Fora da vida profissional, Gladis também impressiona: o que não falta é dança e energia. Há 30 anos, ela encanta a todos com a dança germânica no grupo Edelweiss, do Centro Cultural 25 de Julho, passo que seguiu influenciada pela mãe. Ela é uma das entusiastas que ajudam a organizar os detalhes das apresentações, desde a música dançada aos trajes típicos usados.
Quem acompanhou os desfiles da Oktoberfest em algum dos 40 anos de evento pôde ter visto Gladis vestida a caráter e dançando alegremente. Isso porque ela se orgulha de ter participado de todas as edições. “Me lembro de tudo”, conta, emocionada. Ao ser questionada, Gladis lembra da primeira Festa da Alegria que contagiou Santa Cruz do Sul.
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E não é somente nas danças germânicas que Gladis dá o que falar. Com dois anos, ela já pulava Carnaval e outras festas. “Era a primeira a chegar no salão e a última a sair. Batia o sino da Igreja Católica e estava indo para casa.” Não à toa, foi eleita a rainha na corte do Bailinho da Borges de 2025.
A dança é uma das maiores contribuintes para que, hoje, ela tenha essa energia que tantos admiram. “Estou com 87 anos. E sempre dançando, desfilando, trabalhando.”
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