
Bolsonaro segue na UTI, sem previsão de alta e com restrição a visitas. De acordo com o cirurgião, as primeiras 48 horas pós-cirurgia são críticas e exigem cuidados especiais. Médicos que operaram Bolsonaro dizem que não há prazo pra ele sair da UTI
A equipe médica que operou o ex-presidente Jair Bolsonaro no domingo (13) explicou nesta segunda-feira (14) os procedimentos e os próximos passos da recuperação.
Bolsonaro entrou no centro cirúrgico às 8h30 de domingo (13) e só saiu às 22h. Nesta segunda-feira (14), a equipe médica deu detalhes da cirurgia. Foi uma laparotomia exploradora: o abdômen é aberto para o cirurgião investigar e corrigir as lesões, retirando aderências abdominais – elas formam dobras e interferem na anatomia do intestino, provocando a obstrução.
O cirurgião Cláudio Birolini chefiou a equipe que operou o ex-presidente. Ele explicou que foi necessário reconstruir as paredes do intestino nos pontos mais críticos:
“A grosso modo, a situação do ex-presidente era um abdômen hostil, múltiplas cirurgias prévias, aderências causando um quadro de obstrução intestinal e uma parede abdominal bastante danificada em função da facada, em função das cirurgias prévias. Isso já nos antecipava o fato de que seria um procedimento bastante complexo e bastante trabalhoso. Para vocês terem ideia, para a gente conseguir acessar a cavidade abdominal do ex-presidente foram praticamente duas horas de cirurgia, mais umas quatro ou cinco horas de liberação de aderências. Uma vez finalizada essa parte do procedimento, a gente começa a segunda etapa, que é a etapa de bolar uma estratégia de reconstrução. Toda vez que você viola a cavidade, você coloca inadvertidamente contaminantes dentro da cavidade, que é pó da luva, fiapo das compressas que usa para fazer controle do sangramento. E esses contaminantes causam uma reação inflamatória no peritônio, e o peritônio reveste tanto os intestinos quanto a parede abdominal”.
Equipe médica que operou Jair Bolsonaro explica procedimentos e próximos passos da recuperação do ex-presidente
Jornal Nacional/ Reprodução
Jair Bolsonaro segue na UTI, sem previsão de alta e com restrição a visitas. De acordo com o cirurgião, as primeiras 48 horas pós-cirurgia são críticas e exigem cuidados especiais.
“A expectativa é que ele volte a ter um padrão de vida melhor, se alimentar melhor. E a nossa expectativa é que seja sem restrições, exceto restrições agora no pós-operatório imediato, nesses próximos dois ou três meses que precisa conter a parede abdominal com cinta e etc”, diz Cláudio Birolini.
No fim da tarde, o hospital divulgou boletim informando que “o ex-presidente apresenta-se com boa evolução clínica, mantendo-se acordado, orientado, sem dor, sangramentos ou outras intercorrências; e que já conseguiu se sentar e dar alguns passos”.
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