Venezuela: aliados de Lula veem erro e munição para bolsonaristas em nota do PT que reconhece vitória de Maduro

Ala do partido diverge de Gleisi Hoffmann, avaliando que “apequena o partido” e que era melhor esperar posicionamento do governo. Aliados de Lula (PT) veem como erro e munição ao bolsonarismo a nota do partido que reconhece a contestada vitória de Nicolás Maduro na eleição venezuelana de domingo (28).
A nota trata Maduro como “presidente reeleito” – o que o Itamaraty não fez na manifestação divulgada após a votação – e não cobra que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano divulgue os dados de cada local de votação, principal cobrança da oposição e de vários países estrangeiros – a nota da chancelaria brasileira trata essa divulgação como “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito.”
Até aqui, o CNE diz apenas que Maduro venceu com 51,2% dos votos, ante 44% de Edmundo González, o principal opositor.
Lula (PT) ainda não se manifestou. Nesta terça (30), ele deve falar por telefone com Joe Biden, presidente dos EUA, país que está entre os primeiros a contestar o resultado divulgado pelo CNE.
Em meio à repercussão negativa da manifestação do PT, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, disse que a nota foi “moderada”, “nada efusiva”. “Confiamos no trabalho do CNE”, disse.
Gleisi afirma não ter falado com Lula sobre a nota.
Para um petista próximo de Lula, a presidente do PT “erra onde não podia errar” ao permitir que o PT se antecipasse ao posicionamento do governo brasileiro.
“Não pode comprar a versão dele [Maduro] do jeito que está”, diz esse aliado do presidente. “[A nota do PT] apequena o partido.”
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