Uma pessoa morre em protestos contra Maduro, que se espalham por diversas cidades na Venezuela


Segundo ONG, 46 pessoas foram detidas em todo o país pelas autoridades durante manifestações deflagradas após o anúncio da reeleição do presidente chavista para um terceiro mandato. Manifestantes levam panelas em ato contra Nicolás Maduro na cidade de Valencia, na Venezuela, em 29 de julho de 2024
Jacinto Oliveros/AP Photo
Manifestantes se reúnem nas ruas de cidades venezuelanas desde segunda-feira (29), depois que o presidente Nicolás Maduro afirmou ter garantido um terceiro mandato em uma eleição tensa no fim de semana, em meio a apelos da oposição e da comunidade internacional para que as contagens completas dos votos sejam divulgadas.
Multidões foram às ruas do país e, em várias áreas, as manifestações foram dispersadas pelas forças de segurança. Uma morte foi relatada na região de Yaracuy, no noroeste do país, segundo a ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos.
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O diretor da organização também informou que 46 pessoas foram detidas pelas autoridades, segundo a agência de notícias AFP.
Enquanto isso, os governos dos EUA e de outros países questionam os resultados oficiais que mostraram a vitória de Maduro sobre o candidato da oposição, Edmundo González.
A cerca de quatro quarteirões do Palácio Miraflores, a sede do governo, em Caras, homens mascarados, vestidos à paisana e armados, bloquearam o caminho de um grupo de manifestantes, incluindo mulheres e homens, que, a cerca de 200 metros de distância, gritavam “liberdade , liberdade “, e “vai cair, vai cair, este governo vai cair”, segundo testemunhas da Reuters.
Manifestações semelhantes foram realizadas no centro, leste e oeste de Caracas.
Em Coro, capital do Estado de Falcón, no noroeste, os manifestantes derrubaram uma estátua que representava o ex-presidente e mentor de Maduro, Hugo Chávez (1954-2013). Já na cidade de Maracay, há relatos de uso de gás lacrimogêneo pelas forças de segurança contra participantes de um ato.
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A autoridade eleitoral nacional disse, pouco depois da meia-noite de segunda, que Maduro conquistou um terceiro mandato com 51% dos votos.
Manifestantes protestam em Caracas após vitória de Maduro ser declarada
Em seguida, o órgão proclamou Maduro presidente para o mandato entre 2025 e 2031, acrescentando que ele havia recebido “uma maioria dos votos válidos”.
Mas pesquisas de boca de urna independentes apontaram para uma grande vitória da oposição depois de demonstrações entusiásticas de apoio para González e a líder da oposição, María Corina Machado, durante a campanha.
A oposição contestou o resultado e a transparência do pleito.
Brasileiro na Venezuela flagra som de “panelaço” contra Maduro
De acordo com a agência AFP, a manifestação em Caracas reuniu milhares de pessoas nos bairros populares da capital.
“E vai cair, e vai cair, este governo vai cair!”, gritavam, debaixo de chuva, manifestantes na gigantesca favela de Petare, a maior de Caracas. “Entregue o poder já!”, exclamavam outros.
Os manifestantes também queimaram cartazes de campanha com o rosto de Maduro. Eles levavam bandeiras, panelas e instrumentos de percussão para acompanhar os gritos de protesto.
Foi registrado confronto com a polícia, mas não há informações de presos ou feridos até a última atualização desta reportagem.
Manifestantes enfrentam a polícia em Caracas
Fernando Vergara/AP
Desdobramentos
O Ministério Público venezuelano divulgou uma comunicado na segunda, saudando o povo venezuelano pela demonstração de civilidade e democracia durante as eleições. Na mensagem, reconhece a vitória de Maduro e afirma que “rejeita as declarações temerárias de alguns poucos governos da América Latina que querem mandar na democracia venezuelana”.
O governo brasileiro afirmou que “acompanha com atenção o processo de apuração” e que aguarda a divulgação de informações mais detalhadas, como os “dados desagregados”, pelo CNE. O governo afirma que isso é um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. Esses dados incluem as informações que estão nas atas, como os dados por locais de votação.
O CNE, órgão presidido por um aliado do presidente do país vizinho, informou que Nicolás Maduro venceu e foi reeleito com 51,2% dos votos, contra 44% do opositor, Edmundo González. A oposição, no entanto, afirma que González venceu com 70%.
Com a proclamação, ocorrida menos de 24 horas depois do fechamento das urnas no país, Maduro foi confirmado para mais um mandato no comando da Venezuela. Caso chegue ao fim do novo mandato, o líder venezuelano terá ficado no poder por um total de 17 anos – mais do que seu antecessor Hugo Chávez, que governou a Venezuela por 14.
O CNE proclamou a vitória do presidente também sem apresentar as atas de votação — documentos que registram o número de votos e o resultado total de cada um dos cerca de 30 mil locais de votação da Venezuela.
A oposição acusou o órgão de ocultar as atas para maquiar o resultado das eleições. O grupo opositor, que se uniu em torno da candidatura de Edmundo González, argumentou que pesquisas de boca de urna apontavam vitória de González sobre Maduro com folga.
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PANELAÇO: Caracas, capital da Venezuela, tem panelaços após vitória de Maduro ser anunciada
Fotos do protesto
Veja, abaixo, imagens do ato:
Manifestação contra Maduro em Caracas na tarde desta segunda-feira (29)
Alexandre Meneghini/Reuters
Policial observa manifestante contra o resultado da eleição na Venezuela
Yuri Cortez/AFP
Manifestantes protestam contra Maduro nas ruas de Caracas
Matias Delacroix/AP
Manifestantes contrários ao anúncio de vitória de Maduro na eleição da Venezuela protestam nas ruas de Caracas
Yuri Cortez/AFP
Contrários ao resultado da eleição na Venezuela protestam em Caracas
Yuri Cortez/AFP
Manifestantes fizeram um panelaço em protesto contra a eleição de Maduro
Yuri Cortez/AFP
Manifestantes protestam contra resultado de eleição na Venezuela
Matias Delacroix/AP
Polícia acompanha a manifestação contra Maduro em Caracas
Maxwell Briceno/Reuters
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