Já temos motivos para sorrir; Ainda Estou Aqui pode levar estatueta do Oscar neste domingo

“De repente é aquela corrente pra frente, parece que todo o Brasil deu a mão! Todos ligados na mesma emoção, tudo é um só coração!”

Escrita pelo jornalista Miguel Gustavo, em 1970, a marchinha “Pra Frente Brasil” embalou o ano de 1970 e foi entoada pelos brasileiros para torcer pela seleção de futebol durante a Copa do Mundo. Na época, no auge da ditadura brasileira, os militares aproveitaram a canção na tentativa de fortalecer o ufanismo entre a população.

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Eis que, 55 anos depois, a balada ganha um novo sentido. Não pelo futebol, mas graças ao cinema. Neste domingo, dia 2 de março, o povo brasileiro estará vibrando pela presença do filme Ainda Estou Aqui no Oscar 2025.

A produção nacional concorre na 97ª premiação da Academia disputando três das principais categorias: Melhor Atriz (Fernanda Torres), Melhor Filme Internacional e, pela primeira vez na história do cinema brasileiro, Melhor Filme.

Nas redes sociais, críticos e especialistas da sétima arte são unânimes: o Brasil nunca esteve tão perto de conquistar a famosa estatueta dourada.

Trata-se de um feito histórico. Em quase 100 anos da premiação, somente a obra Orfeu Negro, de 1959, gravada em terras tupiniquins com atores brasileiros, conquistou o prêmio de Melhor Filme Internacional. Entretanto, por ter sido dirigido pelo francês Marcel Camus, a Academia considerou que se tratava de um filme da França. Assim, mais uma vez, o ouro nacional acabou surrupiado pelos europeus.

Não é a primeira vez que somos injustiçados pela premiação. Em 1999, Fernanda Montenegro foi indicada a Melhor Atriz por Central do Brasil (de Walter Salles), mas perdeu para Gwyneth Paltrow. Para muitos, inclusive para os gringos, trata-se de uma injustiça que pode ser corrigida neste domingo, após 26 anos.

E, nos últimos dias que antecedem a premiação, a imprensa internacional manifestou apoio a Ainda Estou Aqui, mostrando que os brasileiros não são os únicos na torcida. Pelo jornal The New York Times, o filme nacional deve ganhar a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro. Além disso, Fernanda Torres deve voltar para o Brasil com o título de Melhor Atriz. Embora Demi Moore seja a favorita e a principal aposta de muitos, o jornalista Kyle Buchanan destaca que a intérprete de Eunice recebeu muitos votos de membros da Academia.

Já o britânico The Guardian foi além! O jornalista Tom Phillips defendeu que Ainda Estou Aqui receba o prêmio de Melhor Filme! Para ele, a produção não representa apenas o sofrimento dos brasileiros durante a ditadura, mas aborda questões globais dos dias atuais. “É um filme para os tempos cruéis e perturbadores que mais uma vez varrem o mundo. Se algum filme merece o Oscar de 2025, é esse”, defendeu.

Independente do resultado, uma coisa é certa: os crimes daquela época, e que se tentou esconder, foram revelados ao mundo.

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