Intimidações, operação-tartaruga e ameaças de cortes sociais: as estratégias do chavismo para as eleições de domingo


Regime deverá usar táticas conhecidas para forçar funcionários públicos a votarem e afastar opositores das urnas O clima na Venezuela a dois dias da eleição
O chavismo está pronto para usar, neste domingo (28), todo o aparato estatal e fazer frente ao maior desafio da oposição em 25 anos. Nicolás Maduro deverá utilizar mecanismos conhecidos dos eleitores venezuelanos no intuito de reduzir a vantagem de Edmundo González Urrutia — estimada entre 20 e 30 pontos, segundo as pesquisas de opinião — e evitar que a oposição comemore uma vitória esmagadora.
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Ainda assim, estimam os analistas, desta vez as tradicionais artimanhas eleitorais do regime não deverão ser suficientes para barrar a ascensão da oposição ao poder, após “a campanha eleitoral mais desigual da história do país”, conforme definiu González.
O dia decisivo para a Venezuela será também o de intimidações aos eleitores nos dois campos da disputa. Do lado opositor, os eleitores devem estar preparados para passar uma longa e cansativa jornada na rua e enfrentar operações-tartaruga para retardar o voto ou ameaças de militantes chavistas nas sessões eleitorais, conforme prevê o cientista político Benigno Alarcón.
“Entre o que pode acontecer, está o entrave ao processo de votação nos centros com maior volume de eleitores e onde a oposição vence. Acho difícil que as pessoas, sabendo o quão perto estão de uma mudança política desejada, abandonem as filas porque são longas ou lentas,” observa o diretor do Centro de Estudos Políticos e de Governo da Universidade Católica Andrés Bello.
Em contrapartida, o regime atuará para encher as sessões em seus redutos mais fortes também com intimidações, forçando funcionários públicos e os beneficiados com subsídios sociais do governo, como o cartão alimentação, a votar. Em pleitos anteriores, estes eleitores eram obrigados a fotografar a cédula e a mostrar o comprovante para continuar a receber os benefícios.
O processo eleitoral foi tenso e tumultuado desde o início, com prisões de opositores, exclusão dos eleitores venezuelanos no exterior da votação e de observadores internacionais e o desrespeito do regime ao Acordo de Barbados. Controlado pelo chavismo, o Conselho Nacional Eleitoral atuou para pôr em xeque a legitimidade do processo.
Vencedora das primárias, María Corina Machado teve a candidatura proibida, assim como Corina Yoris, indicada para substituí-la. O diplomata aposentado Edmundo González Urrutia, de 74 anos, entrou na campanha como candidato de consenso, apesar de ser desconhecido e sem experiência política. Contou com María Corina como cabo eleitoral para mantê-lo como líder nas pesquisas.
Diante dos temores de fraude na contagem dos votos e dos obstáculos criados pelo regime, o campo opositor vem energizando os simpatizantes, com apelos para a votação maciça neste domingo. Esta mensagem se reflete nos sinais inequívocos de nervosismo de Maduro e do chavismo, apesar do controle das instituições.
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Reuters
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