Peixe-diabo negro é visto pela primeira vez em águas rasas

Com uma aparência, digamos, exótica, o peixe-diabo negro (Melanocetus johnsonii) foi encontrado pela primeira vez próximo à superfície do mar. A espécie ficou mais conhecida após aparecer na animação “Procurando Nemo”. Mas o flagra recente fez as redes sociais perceberem que, na verdade, o bicho não é tão grande quanto muitos imaginavam.

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O peixe-diabo negro foi encontrado à luz do dia por pesquisadores da ONG Condrik Tenerife — dedicada à pesquisa e à preservação de tubarões e raias nas Ilhas Canárias, na Espanha.

 

Não é todo dia que apreciamos uma criatura abissal — isso é, que vive nas profundezas do oceano — quase que na superfície, tampouco um peixe que mal se tem registro. A descoberta atiçou os curiosos, e nas redes sociais, o vídeo já conta com mais de 13 milhões de visualizações.

 

 

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Uma publicação compartilhada por David Jara Boguñá (@jara.natura)

 

Mas, a aparência intimidadora mostrada na animação da Pixar — e que povoa o imaginário popular há mais de 20 anos –, estava um pouco distorcida, graças a fotos extremamente ampliadas. Na realidade, os machos não ultrapassam os 3 cm de comprimento, enquanto as fêmeas podem chegar a 20 cm.

 

 

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Como o peixe-diabo negro foi parar ali?

O peixe-diabo negro vive em mares tropicais e subtropicais de todo o mundo, habitando profundezas que variam de 200 e dois mil metros. Logo, gera incerteza o motivo deste anima ter sido encontrado em águas tão rasas.

Pode ser devido a uma doença, uma corrente de ar ascendente, fuga de um predador etc.-David Jara, fotógrafo de fauna marinha

O peixe-diabo registrado morreu poucas horas depois do avistamento, o que deixa a última hipótese mais provável.

Foto: Instagram @condrik_tenerife/ Reprodução

Vale ressaltar que este contato com o animal é extremamente incomum até mesmo para os especialistas. Até então, haviam apenas registros feitos com submarinos, espécies adultas já mortas ou larvas do animal.

 

Em uma das raras aparições, um espécime deste peixinho foi avistado nos Estados Unidos, em 2014, a uma profundidade de 600 metros, no cânion submarino de Monterrey, na Califórnia.

Um peixe lendário que poucas pessoas terão o privilégio de observar vivo– relatou um dos fotógrafos na legenda do post

De acordo com o jornal Tenerife Weekly, o animal foi capturado pelos pesquisadores após a equipe confirmar sua morte, e o espécime foi recolhido e transferido para o Museu de Natureza e Arqueologia (MUNA), de Santa Cruz de Tenerife.

Predador das profundezas

Conhecido como um verdadeiro predador das profundezas, o animal pertence ao gênero “Melanocetus”, que, literalmente, significa “monstro marinho negro”. Ele utiliza as bactérias bioluminescentes na cabeça como isca para atrair vítimas.

Foto: MBARI/ Divulgação

Mesmo que escape da mordida do animal, a presa é afetada por uma neurotoxina diluída que o peixe-diabo negro libera na pele. No caso de uma abocanhada certeira, ele ainda pode injetar essa toxina com os dentes.

Outra curiosidade sobre este animal é que os peixes-diabo negro machos, literalmente, não vivem sem as fêmeas. Isso porque o sistema digestivo dos “meninos” se degenera conforme eles amadurecem. Com isso, eles precisam “parasitar” — ou seja, morder a pele — de uma fêmea, ou morrerá de fome.

 

Por conta de uma reação química, o sistema circulatório dos dois se conecta, e vira um só. Assim, o macho garante nutrição e as fêmeas ganham um macho sempre disposto para a fecundação.

 

Por Áleff Willian, sob supervisão da jornalista Denise de Almeida

 

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