Cuidar de Santa Cruz

Santa Cruz tem rosto e história; tem alma e coração. De seu rosto fazem parte suas edificações novas e antigas. Mas, principalmente as casas antigas, os educandários seculares, as ruas com pavimentos de outrora são manifestações das gerações antecessoras; suas igrejas são testemunhos de fé e conferem beleza inigualável ao seu rosto; nelas iniciou a vida cristã de muitas gerações; em seus cemitérios repousam os que configuraram seu semblante inconfundível, emoldurado pela viçosa presença do verde, das flores, das águas…

Santa Cruz tem história. Ela não é uma realidade dada, mas é uma realidade construída. Ela não surgiu ao acaso, ela foi iniciada com uma finalidade definida: a instituição de uma colônia com o objetivo de assentar famílias de origem germânica para nela cultivarem um novo modo de cultivo da terra e da vida. Edificada foi por muitas gerações, é fruto do fazer de muitas vidas que nos antecederam.

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Sua história não ficou morta no passado; continua sendo construída por todos. O passado se presentifica no seu rosto, no cultivo de tradições e eventos; na existência da língua alemã. Essas presenças fazem, em muito, o lugar ser diverso de outros e nele habita sua identidade.

Na abundância do verde, nos rios e riachinhos, na cidade e no interior habita sua alma. O seu “Túnel Verde se conecta com o Cinturão Verde, o Rio Pardinho, as demais praças e ruas, criaturas, ventos e com cada um de nós.” (José Alberto Wenzel, geólogo, ambientalista e escritor).

As elucidativas palavras de Herr Wenzel nos lembram de que o verde se conecta com toda a natureza e com todos os elementos e vidas existentes na área urbana e para muito além dela. Essa consciência é fundamental; ela nos desvenda caminhos, para continuarmos cuidando amorosamente do lugar que nos foi legado.

O coração de Santa Cruz habita na Hauptstrasse/rua principal (dever-se-ia manter essa identificação, presente na memória de muitos), no seu verde exuberante, fonte de qualidade de vida. Precisamos cuidar de seu coração que se conecta com a grande artéria – o Cinturão Verde e com muitas veias pulsantes que se estendem por todo o município e para além dele. Urge pensar alternativas mais substanciais do que eventuais consertos em seu coração.

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Precisamos pensar nossa Haupstrasse livre da poluição expelida pelos veículos; livre de sons barulhentos. As tipuanas sofrem por terem suas raízes confinadas sob a dureza do cimento, expostas diariamente a gases venenosos e imploram por socorro. Há que se entender e pensar o VERDE, todo o verde existente, como VIDA, fonte de vida, para as vidas.

O centro de nossa cidade deveria oferecer espaço para passeios tranquilos, sem sobressaltos, sem necessidade de cuidado com o intenso movimento de veículos. Deveria ser um espaço em que árvores, aves, flores, humanos pudessem coexistir harmoniosamente. Onde todos pudessem inspirar ar mais limpo. Ser um lugar que convida a se deixar ficar, conversar, tomar café, se deliciar com uma saborosa cuca, ler jornais sob generosa sombra, também aos domingos e feriados.

Resumindo: um lugar em que a magia da vida e sua identidade recebem contínuo cuidado. Para sempre ser único e encantador para quem nele habita e para quem o visita. Saibamos cuidar mais do rosto, da história, da alma, do coração de Santa Cruz. Descuidar desse patrimônio é agressão à sua identidade; é condenar Santa Cruz à similitude global, transformando-a num lugar comum e triste, sob o domínio de pedras, asfalto e cimento.

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